30 junho 2005

E aproveitando o assunto...

Novo Blog à Direita

António Pires de Lima, Filipa Correia Pinto, Henrique Raposo, Leonardo Mathias, Bernardo Pires de Lima, Paulo Pinto Mascarenhas juntaram-se e fundaram um novo Blog - Direita Liberal - que promete mater a discussão, à direita, sempre interessante! Sem dúvida um blog para acompanhar e acrescentarmos às nossas ligações!

A Direita Liberal

29 junho 2005

Política da distracção

O pseudo-Eng. Pinto de Sousa tinha prometido que não baixava os impostos e foi o que se viu. Também tinha prometido que não aumentava a idade da reforma e foi o que se viu. Ainda prometeu que não aplicaria nunca os congelamentos dos ordenados da Função Pública e foi o que se viu. Prometeu que ia reduzir a despesa pública e é o que se está a ver.
Como se sente incapaz de enfrentar os problemas sérios, procura a táctica da distracção e desviar as atenções dos verdadeiros problemas do país. Enquanto as pessoas estiverem preocupadas com a discussão do aborto, não falam de outras coisas mais importantes. E venham mais temas fracturantes e polémicos: casamentos homosexuais, eutanásia, etc., o que não convém é falar dos verdadeiros problemas do país...

27 junho 2005

O Bloco no seu melhor II.

Teria de reconhecer mais uma virtude ao Bloco, e até acharia engraçado, não fosse o ridículo da situação. O Bloco apela à desobediência Civil, formando os seus jovens para o efeito. Pergunto-me se isto não mereceria uma intervenção do Presidente da República, ou do Primeiro-Ministro, ou até de algum avaliação mais intensa por parte da comunicação social, que esteve durante dias a chamar racistas a Portugueses que se iam manifestar contra a insegurança.

26 junho 2005

Duarte S. II

Depois de ouvir, na comunicação social, a candidata pelo CDS à câmara de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, julgo não restarem quaisquer dúvidas de que os últimos posts do Duarte S., foram muito acertados. Porque o CDS está nesta campanha para vencer, pelos lisboetas.
Logo, os meus não estavam tão acertados assim...

25 junho 2005

O Bloco no seu melhor.

Há que reconhecer uma virtude ao Bloco, têm uma maneira muito própria de ver a realidade como se constata por esta notícia.

22 junho 2005

O partido.

Se é verdade que tivemos um congresso empolgante, não é menos verdade que as consequências de uma divisão deste tipo não podiam ser outras.
Não pensei que se dessem tão rapidamente. Temos assistido desde as directas ao constante aparecimento do nome do CDS-PP nos jornais, e ainda passaram poucos dias.
Hoje para não variar podemos ler n”A Capital”, a contestação ao presidente do partido. Dizem os contestatários coisas como «as coisas não estão bem». «há dirigentes do partido que não estão cá de boa fé», «Ribeiro e Castro está a ser vítima dessas pessoas». Segundo o jornal são dirigentes ligados a Paulo Portas.
Entre criticas de que Ribeiro e Castro está a dividir o partido. Agora pergunto eu, a eleição directa do líder divide o partido? Não democracia dentro do CDS? Então mas utilizar o cacique para eleger delegados ao congresso é mais democrático? Então já se esqueceram dos episódios em que vozes do partido eram deixadas a falar sozinhas?
Algumas destas pessoas há bem pouco tempo atrás diziam que não se podia vir falar do partido para os jornais porque isso dava uma má imagem, hoje fazem-no sem qualquer pudor e de forma sistemática e ainda mais prejudicial.
Tentar minar a liderança do líder desta maneira é demais, mas penso que quer os militantes do partido quer os portugueses começam a achar que isto é demais e percebem o caminho que o nosso líder tem de fazer e na altura certa dar-lhe-ão razão!

18 junho 2005

Duarte S.

Ah grande Duarte! Grandes posts. Não vou teimar no que escrevi antes porque reconheço que tens boa parte da razão, mas vou só contradizer-te um bocadinho, para perceberes que não a tens toda e eu também tenho alguma... É que, "todos de Direita, mas nem todos de acordo", como temos por lema deste blog.
Quanto à candidatura de MJNP à CML, devo concordar contigo que considerar à partida que é impossível ganharmos, realmente é derrotista e pouco motivador. Mas se considerarmos que eleger um vereador é já uma vitória e se elegermos dois a vitória será a dobrar, então apontar para um objectivo concretizável poder-nos-á dar uma vitória ou, mesmo, uma festa a dobrar. Não estou a tentar baixar a fasquia; esta é que já é baixa à partida.
Tomemos o exemplo do BE. Para quase tudo o BE é um péssimo exemplo, mas não para campanha política. Aqui há uns anos, nas legislativas de 2002, o grande slogan deles era "mais vale dois deputados acordados do que 230 a dormir" e conseguiram aumentar de 2 para 3 o seu número de deputados. De facto, se há coisa que os deputados do BE não fazem é dormir: infelizmente não fazem nada de útil enquanto estão acordados e provocam mais mal do que bem, mas lá que estão acordados, estão.
Em 2005 já levaram com 8 deputados, apenas menos 4 que o PP e o PCP. Não sei ler nas estrelas, como Pedro Santana Lopes, mas se soubesse...
Aliás, não longe disso andou Paulo Portas há 4 anos com a sua campanha do "eu fico". Com isso ele insistia em dizer que nem que fosse como vereador, ficaria na câmara: contra todas as hipóteses, foi eleito vereador e lá ficou na CML a fazer um bom trabalho até que, como líder do 2.º partido de uma coligação governamental, integrou o governo de Durão Barroso.
Da mesma forma eu agora peço a eleição de MJNP para vereadora. Sei que poderá fazer um óptimo trabalho lá. E, se em vez de um elegermos dois vereadores, tenho também a certeza que Anacoreta Correia tem todas as qualidades e mais alguma para conseguir grandes obras por Lisboa.
Logo, peço o menos para conseguir o mais. Peço com realismo e pode ser que seja surpreendido pelo ultrapassar das possibilidades... Mas peço também desculpas se com isto estou a soar derrotista. É que, para mim, ter a MJNP como vereadora é uma vitória, não só do partido, mas principalmente de Lisboa.
Quanto às presidenciais... Não há dúvidas de que tens 100% de razão, ou seja, há desafios mais importantes pelo meio. O desafio europeu não será um deles, já que tudo indica que o referendo será adiado, mas o desafio autárquico é, sem dúvida, um enorme desafio...
No entanto, também não te podes esquecer que "quem vai para o mar avia-se em terra", ou seja, uns escasso 4/5 meses depois das autárquicas, são as presidenciais e não as podemos negligenciar nem começar a prepará-las só depois de Outubro.
Tal como tu, sou Monárquico. Votei em branco nas últimas eleições presidenciais precisamente por causa disso- 4 anos volvidos foi o que foi, ou seja, o p.r. então eleito, republicano, socialista e laico, deitou abaixo um governo assente numa maioria parlamentar apenas porque leu nas estrelas que esse seria o seu designio...
Ora, como eu disse antes, eu não sei ler nas estrelas, mas se soubesse diria que provavelmente ainda não vamos ter a Monarquia restaurada antes das próximas presidenciais, por isso mais vale que tentemos minorar o mal até conseguirmos ter o bom.
Por isso, apesar de continuar a ser monárquico, gostava agora de poder votar em alguém de quem até goste e, como não gosto da cavacal figura, gostava que outros avançassem. Com isso não estou a "pôr o carro à frente dos bois", estou é a alimentar os bois para depois poderem puxar o carro.

Portugal não se respeita

Antes de me começarem a acusar de plágio, devo dizer que este artigo não é meu. Foi escrito, e muito bem escrito, por Vasco Pulido valente. A razão pela qual o deixo aqui, é mesmo porque achei que valia bem a pena lê-lo.
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Parece que Álvaro Cunhal foi uma figura "importante, "central", "ímpar" do século XX português. Muito bem. Estaline não foi uma figura "importante", "central", "ímpar" do século XX? Parece que Álvaro Cunhal foi "determinado" e "coerente". Hitler não foi? Parece que Álvaro Cunhal era "desinteressado", "dedicado" e "espartano". Salazar não era? Parece que Álvaro Cunhal era "inteligente". Hitler e Salazar não eram? Parece que Álvaro Cunhal sofreu a prisão e o exílio. Lenine e Estaline não sofreram?
As virtudes pessoais de Álvaro Cunhal não estão em causa, como não estão as de Hitler, de Estaline, de Lenine ou de Salazar. O que está em causa é o uso que ele fez dessas virtudes, nomeadamente o de promover e defender a vida inteira um regime abjecto e assassino.
Álvaro Cunhal nunca por um instante estremeceu com os 20 milhões de mortos, que apuradamente custou o comunismo soviético, nem com a escravidão e o genocídio dos povos do império, nem sequer com a miséria indesculpável e visível do "sol da terra". Para ele, o "ideal", a religião leninista e estalinista, justificava tudo.
Dizem também que o "grande resistente" Álvaro Cunhal contribuiu decisivamente para o "25 de Abril" e a democracia portuguesa. Pese embora à tradição romântica da oposição, a resistência comunista, como a outra, em nada contribuiu para o fim da ditadura. A ditadura morreu em parte por si própria e em parte por efeito directo da guerra de África. Em França, a descolonização trouxe De Gaulle; aqui, desgraçadamente, o MFA. Só depois, como é clássico, Álvaro Cunhal aproveitou o vácuo do poder para a "sua" revolução. Com isso, ia provocando uma guerra civil e arrasou a economia (o que ainda hoje nos custa caro). Por causa do PREC, o país perdeu, pelo menos, 15 anos. Nenhum democrata lhe tem de agradecer coisa nenhuma.
Toda a gente sabe, ou devia saber, isto. O extraordinário é que as televisões tratassem a morte de Cunhal como a de um benemérito da pátria. E o impensável é que o sr. Presidente da República, o sr. presidente da Assembleia da República, o sr. primeiro-ministro e dezenas de "notáveis" resolvessem homenagear Cunhal, em nome do Estado democrático, que ele sempre odiou e sempre se esforçou por destruir e perverter. A originalidade indígena, desta vez, passou os limites da decência. Obviamente, Portugal não se respeita.
PS
E também vale a pena ler isto, isto e isto! Estou-me a sentir menos sózinho enquanto pessoa políticamente incorrecta... eheheh

Finalmente o site.

'No nosso XX Congresso, a moção “2009”, de que fui primeiro subscritor, mereceu a confiança da maioria dos congressistas e, em consequência, fui eleito Presidente do CDS/PP.
Conheço o partido há mais de 30 anos. Entendo estas funções como um novo serviço – a Portugal, a todos os militantes, e à nossa doutrina de sempre. Após o Congresso, conto com todos. Quero um futuro que honre todos quantos permitiram que aqui chegássemos e em que todos possamos rever-nos.
Neste tempo de recomeço, e de preparação para o futuro embate autárquico, é imperioso demonstrarmos, entre nós e para fora, a nossa confiança, o nosso vigor, a nossa vitalidade. Estamos num tempo novo, mas a nossa vontade de servir Portugal é a mesma de sempre. Para isso, É determinante a mobilização colectiva de todos nós face aos desafios presentes e próximos do nosso partido.
Temos de ser capazes de ser melhores para podermos vir a ser maiores. Estamos todos convocados. Chegou a hora. É desde já, em 2005, que começamos a construir 2009.'

O Presidente do CDS-PP,
José Ribeiro e Castro
É assim que José Ribeiro e Castro se apresenta no ontem inaugurado site do nosso partido. Finalmente depois de muito tempo de espera, com uma pequena interrupção para as últimas legislativas, o CDS-PP volta a ter um site oficial. É certo que não é nenhuma maravilha, mas como explicou o próprio presidente do partido, dada a situação financeira do partido é o site possível, e a meu ver é melhor do que nada. Está lá o essencial e será sem dúvida um site a adicionar aos vossos favoritos.

Hoje é também um dia importante no nosso partido, há eleições para a liderança, e desta vez todos os militantes do CDS-PP podem votar (da JP também se forem delegados ao plenário concelhio), é um momento importante na vida do partido em que todos devem participar, e que marca um passo importante na nossa vida democrática interna.

VIVA O CDS-PP
VIVA PORTUGAL

17 junho 2005

Sim, mas oh Duarte, eu no dia 20 de Fevereiro e seguintes andava triste, mas daí até me rever nas tuas palavras para classificar os derrotados à partida, como "tristes derrotados, conformados, que nunca hão-de chegar a lado nenhum" vai uma grande distância.

E já sei que vais apelar ao meu bom senso, à minha reflexão e ponderação. Mas oh meu caro amigo, se não sabes que quem ganha, nem sempre merece...então não sei!

Se o nosso humilde partido, tem a expressão nas Câmaras Municipais do jeito que tem, não podemos dizer que se trata de uma má manifestação do nosso esforço e empenho, pois sabemos que ele existe e o é genuíno. Também não podemos dar os méritos todos de bandeja aos "legítimos" vencedores, pois "simplesmente acreditam e lutam pelo seu objectivo com todas as suas forças, até ao momento decisivo, que separa os vencedores dos vencidos". Se assim fosse, Portugal era, em jeito de hipérbole, no litoral azul e no interior amarelo!

Nunca me engano e raramente tenho dúvidas

Então, o que é esta hesitação toda acerca das Presidenciais?
Vai ou não vai? Com ou sem o apoio do PP?
Oh meu amigo, isto das Presidenciais é já daqui a 7 meses e ainda não sabemos com que linhas nos havemos de coser.
Não me interpretem mal, eu sou Monárquico e, a não ser que apareça um candidato excepcionalmente bom (o que não, de todo em todo, o caso da Cavacal figura), voto em branco, mas já começo a ficar curioso sobre o futuro da República. Só por cusquice, mais nada!

Maria José Nogueira Pinto

A escolha de M.ª José Nogueira Pinto para encabeçar a lista do CDS/PP à CMLx. não é de todo inocente. Se forem perguntar a quem quer que seja de direita se gosta dela, o mais certo é dizer que sim.
E não é para menos. Na memória de alguns, mais antigos, está o bom papel que fez como Sub-secretária de Estado da Cultura de Cavaco Silva. Na memória de mais uns tantos, como eu, o óptimo papel que fez enquanto deputada do PP na legislatura 1995-1999.
Fora de papeis políticos de maior destaque, conta-se a direcção da Maternidade Alfredo da Costa e, ultimamente, da Santa Casa da Misericórdia.
Admito que, apesar da popularidade da protagonista, seja muito difícil ser eleita Presidente da Câmara, dada a dimensão do CDS-PP, mas Lisboa terá muito a ganhar em tê-la como vereadora.
Aqui, sim, é caso para dizer: ganha Lisboa, ganham os Lisboetas!

16 junho 2005

Uma questão de estilo.

Na cena política Nacional e Europeia dos últimos tempos há várias coisas que me têm feito confusão, e que gostava de partilhar com os nossos leitores. Todos sabemos que a União Europeia não vive momentos nada fáceis. Momentos esses provocados pelos seus líderes, que têm ao longo do tempo insistido em avançar num sentido que não é partilhado pelas populações que representam. Pessoalmente estou convicto que se antes deste tratado constitucional se tivesse decidido referendar o tratado de Nice, ou qualquer outro instinto federativo as populações teriam dito não.
Nesse campo o CDS-PP tem desde há muito pedido um referendo sobre a Europa, parece que mais uma vez a história vem dar-nos razão, se se tivesse tido capacidade de entender que as populações não querem viver comandadas a partir de Bruxelas, talvez o caminho trilhado até agora tivesse sido outro, talvez se se tivesse entendido que a grande abstenção em todas as eleições europeias na generalidade dos países significa que as populações não querem minimamente saber da união política, e que as que votam é para julgar aquilo que os políticos estão a fazer a nível interno porque ninguém sabe que trabalho fazem os eurodeputados, talvez aí percebendo-se estes factos ninguém, por muito federalista que fosse, se ia lembrar de uma constituição.
E já agora se o Não à Europa tem crescido em Portugal, não me parece que seja pelo esclarecimento ter crescido muito, mas porque os defensores do sim têm repetido o erro que cometeram já vezes sem fim. Têm chantageado o povo, dizendo que se não votarem sim, lá se vão os fundos, e vem a crise. Ora ninguém gosta de sofrer ameaças e a mim parece-me que isso só tem dado força ao não.
Em todo o caso, não consigo entender que políticos, alguns deles muito bem pagos, se dêem ao luxo de dizer que é o sim ou a crise. Se eles são os causadores do problema que arranjem uma solução.
Este tipo de discurso vem na sequência de alguma vitimização da classe política que me começa a deixar um pouco aborrecido. Nos últimos tempos na tentativa de se mostrar que as pessoas não ganham nada em estar na política, tem-se caído no extremo oposto que é o de dizer que se perde muito em estar a exercer esse tipo de funções. Ora neste momento, talvez mais do que nunca, precisamos de políticos com vontade de fazer, que tragam inovação nas acções, com ideias novas, com ar fresco e que deixem de vez o politicamente correcto e passem para o politicamente eficiente. Quem não quer fazer política, não é obrigado a fazê-lo, que vão para casa! Se não têm querer nem vontade, que vão para as empresas, deixem o lugar para quem quer, para quem sente energia, e para quem gosta do seu país, da sua cidade, do sítio onde mora. Deve estar-se na política por amor e convicção, e isso nenhum salário paga. Já agora aos que dizem que perdem em estar na política e queixam-se constantemente disso, eu digo o que é que ganham e porque é que andam lá. Simplesmente porque ganham notoriedade e isso poderá valer-lhes muito mais dinheiro no futuro, deixem-se de mentiras.

Marchas populares

O melhor da cultura portuguesa pode ser visto nas marchas populares. Hoje chegou-me esta pérola da sabedoria popular por mail que eu achei que valia a pena partilhar no blog. eheheheh


Obrigado meu Santo António
Por estes dias sem igual!
Livraste-nos do Camarada Vasco
E do Álvaro Cunhal!

Venha agora o S. João
Dar a sua contribuição:
Muito comuna lá do norte,
Anda a precisar de falar com a morte…

E o S. Pedro for valente
Ainda se vai chegar à frente
E na sua bela manhã,
Despacha o Rosas e o Louçã!

Vivam os Santos populares
Que nos dão tanta alegria!
Um comuna por dia…
Ai que bem que nos fazia!

15 junho 2005

Os deuses devem estar loucos!

Será mesmo verdade? É caso para dizer: "E ninguém pára a Fátima!"

14 junho 2005

Carcavelos 2

A questão que coloco, a debate, é como é que se pode dizer, como o Duarte, que "estando as cotas de imigração já preenchidas nesse ano, que diferença faz deixá-lo viver mal em Portugal ou viver mal em África?". Creio, e espero não estar enganado, que no caso concreto da praia de Carcavelos, os jovens são portugueses, e não africanos. Simplificando, portugueses mas com ascendência africana. Neste caso, o problema não se trata de integrar os emigrantes "coitadinhos" que vieram para o nosso País e estão desamparados, sem emprego, etc etc., mas sim conseguir dar educação e outra forma de estar na sociedade a estes jovens.
Assim, discordo que haja uma vontade do actual governo em querer distorcer as políticas com que o anterior executivo se caracterizou. É-me impossível dizer o futuro, mas creio e espero que se estivessemos com o anterior governo, o incidente teria acontecido na mesma.
Deste modo, creio que não se pode comparar e misturar os assuntos: um deles é a integração de novos emigrantes que são sempre uma mais-valia para o País. Outra, é tratar e saber lidar com quem já cá está há muitos anos e que ainda não teve a oportunidade ou a sua própria vontade para se integrar na sociedade.

13 junho 2005

RIP II

Bem, foi-me sugerido que ressalvasse aqui umas quantas coisas que eu também acho bem ressalvar:
1. O que eu, Diogo Alvim, escrevo aqui neste blog, são as minhas opiniões políticas sobre diversos temas, como, por exemplo , sobre a morte de Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves.
2. A concelhia de Lisboa da JP é composta por muita gente que, graças a Deus, tem opiniões diferentes das minhas, pelo que é bem possível que muita gente dentro da JP até tenha ficado triste com a morte destas duas pessoas.
3. Há aqui dois tipos de posts: os que são assinados por mim, pelo Carlos, Beatriz, Maria, Francisco, Duarte, Nunos, etc., que exprimem a opinião dos seus autores e os que são assinados como JP de Lisboa que são a posição da nossa concelhia sobre um determinado tema e os dois tipos de posts não se devem confundir.
4. Eu, que sou uma pessoa má como as cobras (eheheh), fico contente com a morte de certas pessoas, mas isso é completamente diferente de desejar a morte de alguém- sou contra a pena de morte, eutanásia, aborto, guerras inúteis e desnecessárias como a do Iraque, quero uma maior colaboração de Portugal com os países que disso necessitam para o seu desenvolvimento (maxime Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor) para que estes se desenvolvam e ninguém lá morra de fome, como ainda acontece frequentemente.
5. Da mesma maneira que tenho pena que estes dois não tenham morrido mais cedo, também tenho pena que o Eng. Adelino Amaro da Costa, Dr. Francisco de Sá Carneiro ou tantas das vítimas das FP25 não tenham vivido mais tempo.
Nestes termos e nos demais de Direito aplicáveis, se alguém ficar chateado com os meus posts, fará o favor de descarregar em mim e não em mais ninguém da concelhia de Lisboa da JP. O mauzinho, reconhecido, agradece a gentileza!

RIP

Portugal é o país das penas da morte. Sempre que alguém morre toda a gente fica cheia de pena e o de cujus passa a ser uma personalidade fantástica pelo simples facto de já ter morrido. Dizer mal de um morto é sempre considerado um desrespeito e uma coisa ignóbil, como se a partir da morte todos os males que um morto possa ter causado desapareçam.
Pois eu, que não pretendo ser bem visto ou "ficar de bem com os mortos", digo mal daqueles que merecem como também digo bem de muitos vivos.
Morreram o Álvaro Cunhal e o Vasco Gonçalves, que já ouvi na televisão dizer que foram dois "pais da Democracia"!!!!!!!!!!. Quando me deram essa feliz novidade, eu disse logo que tinha pena de eles não terem morrido 35 anos antes para não fazerem ao país o mal que fizeram.
Juntos destruiram a nossa agricultura com a reforma agrária, dilaceraram de vez a nossa banca com a nacionalização da banca, deitaram abaixo a nossa indústria com as invasões a muitas fábricas e as greves constantes que incentivaram, foram responsáveis por milhões de vidas dilaceradas de portugueses e africanos nas antigas províncias ultramarinas e pelo exílio de milhares de homens e mulheres de bem em Espanha, França ou Brasil nos anos quentes que se seguiram à Revolução.
Que Deus, que não julga as políticas mas apenas ama todos os seus filhos, tenha misericórdia das suas almas, mas que a História saiba julgar as torpezas que fizeram.

08 junho 2005

Quartéis!

Que dizer então do quartel da Graça?! A cair de podre e com um nível de ocupação ridículo. O edifício deveria ser recuperado e aproveitado para fins culturais e afins. Quanto à sua parada, tem dimensão suficiente para se construir um belo jardim e ainda um parque de estacionamento que tanta falta naquela zona da cidade. A não ser que estejam lá armazenados uns mísseis balísticos, prontos para defender um qualquer ataque aéreo à cidade, dada a situação privilegiada do quartel, com vista sobre quase toda a Lisboa.
E para quê tantos quartéis na Ajuda? Fará ainda sentido mantê-los todos?

07 junho 2005

Ricardo Costa a São Bento!

Eu que ando sempre a ver se encontro algum cantinho para sugerir mais espaços verdes para as cidades, nunca me tinha lembrado dos quartéis! Realmente, a utilidade de um quartel dentro de uma cidade é altamente duvidosa. Aquele quartel em São Sebastião, por exemplo, é de chorar a rir: se um grupo terrorista decide atacar o Parlamento, os senhores soldados ou vão de metro ou ficam no trânsito durante duas horas à espera nos seus tanques.

05 junho 2005

Estilo de Europa ou Europa com Estilo?

Quando falamos de uma Constituição Europeia temos que falar do estilo de Europa que queremos. Eu cá quero uma Europa cheia de estilo!
A 1.ª coisa é não catalogar, marcar, inventariar ou tatuar uma pessoa como anti-europeia só porque é contra a Constituição, porque isso é deixarmos os preconceitos falar mais alto do que os pensamentos.
Vai daí, vou dizer que estilo de Europa com estilo eu quero e peço desde já para não ser catalogado como anti-europeísta.
Ao contrário de alguns "pais fundadores da Europa" eu não quero uma Europa por oposição aos EUA. Curioso, hão-de pensar alguns que têm lido este blog, este não era o Diogo anti-americano. Era e sou, não vou com a cara do Tio Sam nem com molho de manteiga. Mas não é por isso que acho que a Europa deva ser construída por anti-americanismo.
Também acho que as especificidades da Europa têm que ser tidas em conta na construção de uma União. Os países da Europa tem muita da sua cultura em comum, tendo passado pelos mesmos períodos históricos e tendo sofrido as mesmas influências: Império Romano, Cristianização, Idade Média e invasões bárbaras, Cisma, Renascimento com reforma e contra-reforma Cristãs, guerra dos 100 anos, iluminismo, invasões Napoleónicas, liberalismo, 2 grandes guerras e democratização.
Por outro lado, as vertentes económica, social e cultural variam muito dentro desta Europa que tem tanto de comum. Portugal partiu para a descoberta de novos mundos no Séc. XV, seguido da Espanha no Séc. XVI e da Inglaterra, França e Países Baixos no Séc. XVII. Por essa altura a Europa Central e do Norte estavam em plenos conflitos religiosos que nunca chegaram à Península. Na Europa Oriental tinha-se consolidado a Igreja Ortodoxa e a construção da Rússia por Pedro o Grande inicia-se no Séc. XVII, sendo que é aí que no Séc. XX se inicia a primeira experiência comunista, que acaba por se estender a toda a Europa Oriental, na mesma época que no Ocidente se desenvolvem regimes autoritários.
Ao longo de todo este percurso formaram-se Estados, Nações e uniões políticas que cimentaram estas semelhanças e estas diferenças, pelo que será muito difícil construir uma única comunidade hoje com todos os países Europeus. Poque não mais do que uma comunidade com acordos de comércio entre as várias comunidades? Já não teria concordado (se me tivessem perguntado, mas nunca perguntaram aos portugueses o que eles achavam da Europa) se me tivessem proposto uma Europa a 25, tornou-se ineficiente e excessivamente pesada. E muito menos concordarei com uma Europa a 30, 35 ou com países que não partilhem conosco a mesma matriz cultural cristã, como a Turquia, Albânia, Marrocos ou Tunísia.
Por isso, chegou a altura de pensar a Europa e dar-lhe um estilo, pensando também no que queremos dela.

04 junho 2005

A DEMOCRACIA NÃO É COMPATÍVEL COM A TEORIA DE BODE EXPIATÓRIO

Discursso de Adelino Amaro da Costa no parlamento a 7 de Janeiro de 1976, vejam se encontram semelhanças com os nossos dias...


- Sr. Presidente, Srs. Deputados:

Sem pretender dar um mote a esta sessão, também começarei dizendo que retomamos a nossa actividade na Assembleia Constituinte neste ano de 1976 sob o signo (e aqui o mote pode não ser o mesmo) das sombras que se desenham sobre a vida dos Portugueses, mas também com a esperança que nos anima quanto ao futuro da democracia em Portugal.

São, na verdade, muitas as sombras que se projectam no nosso futuro. Muitas delas relacionam-se directamente, e cada vez mais, com a situação económica.

Não tenhamos ilusões: o problema económico português continua a ser, e sobretudo, um problema político.

Desde logo, uma primeira e importante questão interessa colocar: como pode haver recuperação económica sem a necessária estabilidade e coerência governamental.

Arrastaram-se, infindavelmente, as negociações para os acertos na composição do Governo. Que enorme prova de incapacidade foi dada, perante toda a opinião pública, pelos homens e os partidos que tiveram responsabilidades nos sucessivos atrasos desse processo essencial que mais cedo devia ter conduzido à formação completa do Governo!

Vale ao Governo que os mecanismos da democracia ainda não estão totalmente implantados em Portugal. Vale ao Governo o facto de que a oposição é, apesar de tudo, moderada, paciente e compreensiva. Porque em nenhum país democrático se toleraria, com a tolerância que nós - Portugueses e Oposição - manifestamos, o tempo e as energias imensas que foram despendidas na formação final do Governo.

As consequências que daí resultam não são para menosprezar. Como pode o povo português confiar na competência do Governo para resolver os gravíssimos problemas económicos e sociais que enfrentamos, se ele tão pouco capaz se mostrou de resolver os seus próprios problemas internos?

Problemas internos que começaram por manifestar-se no plano de uma ligeira recomposição ministerial, mas que logo se ampliaram e agravaram com tomadas de posição unilaterais por parte de partidos que estão no Governo.

Como pode ser pedido ao povo português que responsavelmente adira a um chamado plano de austeridade, se, em matéria tão fundamental e de tantas implicações, logo um partido que faz parte do Governo se apressa a declarar que se absteve na votação sobre o mesmo? Onde está o princípio da solidariedade governamental? Com que sentido de responsabilidade permanece esse partido no Governo quando começa por desautorizar o próprio Conselho de Ministros naquilo que de mais grave esse Conselho decidiu ao longo de três meses?

Como podem ser pedidos sacrifícios tão evidentes às classes trabalhadoras se um outro partido do Governo, que tão insistentemente se reclama do seu apoio e da sua representação, passa o tempo a afirmar a sua escassa responsabilidade naquilo que o Governo vai decidindo? Onde está o princípio da solidariedade governamental? Porque se mantém esse partido no Governo? Afinal, o Governo é quem?

Sejamos claros e enfrentemos a realidade. Está o Partido Socialista disposto a ter sozinho as responsabilidades do Governo - isto é, as suas cargas - , deixando aos parceiros o cuidado de se desmarcarem dessas mesmas responsabilidades? Que diz a isto o Primeiro-Ministro? Que dizemos disto todos nós, Portugueses?

E não pensemos que esta é a crítica fácil e cómoda de quem está na oposição. É-o, necessariamente, mas é também a expressão de uma séria inquietação. Durante muito tempo o VI Governo bateu-se pelo respeito da autoridade; o VI Governo e o seu Primeiro-Ministro reivindicaram, por formas diversas e utilizando até meios drásticos, a garantia do apoio militar para poderem governar. O golpe, felizmente frustrado, do 25 de Novembro veio permitir a criação de condições mínimas para que o projecto democrático pudesse sobreviver e para que o Governo, afinal, governasse.

Quando dois partidos do Governo reclamavam respeito da autoridade democrática, o CDS deu-lhes nisso algum apoio e não pouca solidariedade. Isso verificou-se antes do 25 de Novembro.

E que temos agora? É o próprio Governo que, ao dar mostras de falta de coesão, se desautoriza. É uma situação que não interessa a ninguém - e digo-o com sinceridade -, nem sequer à oposição que o CDS é. O Primeiro-Ministro não pode consentir que um qualquer membro do Governo venha a público dizer que votou desta ou daquela maneira sobre determinada matéria. O que se dá em qualquer democracia estabilizada, quando tal acontece, é a imediata demissão desse Ministro.

Estes sinais de desmarcação interna ou de desresponsabilidade, como hoje ainda aqui assistimos, de partidos que estão representados no Governo são, porém, mais graves pelos reflexos que podem ter. Na verdade, que resulta de situações como esta?

Mais do que nunca tememos o descrédito que ela possa supor para a própria existência dos partidos; mais do que nunca tememos a exploração demagógica da incoerência e da própria falta de autoridade interna do Governo, no que ela pode significar de desprestígio da própria democracia.

Por outro lado, e neste quadro, é fácil compreender que o Governo não tenha sido capaz de formular, em concreto, uma política económica. Porque se o Governo tem uma política económica, nós não sabemos qual seja. Acreditamos que cada um dos partidos representados no Governo tenha as suas próprias ideias sob o modo de travagem da regressão da economia em Portugal. Mas, postos em conjunto, à mesa das decisões, que resulta?

Até agora apenas assistimos à publicação de umas chamadas medidas de austeridade e umas normas de actuação do sistema de crédito. Que novos projectos vão ser lançados? Que iniciativas concretas vão ser desenvolvidas, apoiadas, estimuladas? Pensará o Governo que o problema mais importante da economia é o dos deficits do Orçamento Geral do Estado, do Fundo de Abastecimentos e de outros fundos autónomos?

Julgará o Governo que os deficits orçamentais são ainda em Portugal uma causa importante da regressão económica e da inflação? Não se apercebe o Governo que é, a todos os títulos, errado atacar os efeitos sem ir em busca dos remédios capazes de remediarem as causas dos nossos males? Ou estará o Governo ainda convencido de que a busca do equilíbrio orçamental é o primeiro instrumento a utilizar no combate à inflação, na diminuição do desemprego, no relançamento da produção? Por outro lado, o Governo está a favorecer a restrição ao consumo, e ao fazê-lo desencadeia propositadamente uma política que, mais cedo ou mais tarde, e a menos uma feroz contenção salarial, acabará por ser altamente inflacionista, com todos os sacrifícios que isso comporta para reformados, pensionistas e outras classes de rendimentos fixos ou de escassa elasticidade, assim como para as próprias classes trabalhadoras mais desfavorecidas, para já não falar das centenas de milhar de desempregados.

Entretanto, porque não procede o Governo a uma política prioritária de estímulo à produção de bens e de correlativo aumento de oferta? Só uma política deliberada de estímulo à produção e ao investimento poderia ajudar a reduzir o desemprego e a refrear a inevitável explosão inflacionista que vamos sofrer.

O que não se compreende é que o Governo tenha começado justamente por aquilo que é mais difícil de aceitar, por razões económicas e psicológicas, pela opinião pública: a publicação prévia daquilo a que chama medidas de austeridade as quais, em primeira análise, são, afinal, adoptadas como forma indiscriminada e tanto quanto possível maciça de aumento das receitas públicas.

Aceitamos que o povo português está convencido de que seria um grave risco deixar ir mais longe os erros da política demagógica, durante tanto tempo praticada. Mas como poderá o povo português aceitar o aumento dos preços de bens de consumo normal, sem vislumbrar uma medida positiva, uma medida imaginativa que dê sentido e significado aos sacrifícios, puramente negativos, que tem de suportar?

O povo português, pela informação que lhe tem chegado, conhece os traços fundamentais do que durante muito tempo não foi, e continua a não ser, uma política económica: o pedido de auxílio ao estrangeiro; o aumento indiscriminado de salários até um certo ponto e o congelamento de salários a partir daí; a prática "messiânica" das nacionalizações e das intervenções do Estado; o aumento sistemático da circulação monetária; a desorganização das estruturas administrativas e de produção. Perante este panorama, mais ou menos inalterado durante largo tempo, ganha-se a consciência crescente de que o País está afinal a financiar a inércia e, por justas razões sociais e morais, o desemprego. As injecções maciças de dinheiro nas empresas através do sistema de crédito e de aumento da circulação monetária que efeito têm no relançamento da economia e na criação de novos postos de trabalho?

As empresas que continuam a funcionar produzem para quem e o quê?

Os riscos desta política estão à vista.

Enquanto a inflação não faz reintroduzir no circuito monetário parte substancial do dinheiro retido pela poupança privada, as famílias dispõem, em casos que não serão pouco numerosos, de pequenos fundos de maneio que, em qualquer momento podem invadir, de forma súbita o mercado de consumo corrente. Se tal acontecer, a consequência está à vista: será o esgotamento imediato da grande maioria dos bens ainda susceptíveis de aquisição, será o leite, a carne, a manteiga e outros produtos que definitivamente escassearão. Estes riscos serão ainda mais graves se a especulação e o açambarcamento diminuírem ainda mais, como parece estar a acontecer, a escassa elasticidade do circuito de abastecimento.

Temos todos consciência de que o fenómeno da rápida invasão de uma enorme massa monetária no mercado corrente pode dar-se por puras razões psicológicas. Qualquer chispa pode, de repente, atear uma enorme fogueira.

O facto de o Governo continuar a não ser capaz de formular uma coerente política económica pode ser essa chispa; como o podem ser convulsões de rua de tipo daquelas que, no começo de Janeiro ensombraram com mortes dias tradicionalmente marcados pela consciência da paz e à esperança.
Do mesmo modo, a continuarem os apetites daqueles que parecem preferir a clandestinidade no fascismo, à luta aberta de oposição legal na democracia; a continuarem as manipulações de massas, com a ajuda de estrangeiros, podem rapidamente criar-se condições para graves dramas na vida colectiva dos portugueses.

Sabemos bem quem se poderá aproveitar dessa situação se ela vier a ocorrer. Serão aqueles à direita ou à esquerda que não querem as liberdades democráticas.

É bom que a esquerda democrática não se iluda. É bom que a esquerda no Governo saiba que só há uma possibilidade de salvar a democracia: governar com coerência, coesão e competência; respeitar, e valorizar a oposição, como é próprio da democracia.

É nossa convicção que o deslizamento do País para a ditadura - e a de direita volta a ser hoje mais provável do que a de esquerda - só poderá ser travado se o Governo for capaz de assegurar aquelas condições. E é também nossa convicção de que a salvaguarda da democracia exige, mais do que nunca, aquilo a que chamamos a "centrização" dos sectores sociais potencialmente mobilizáveis pela direita.

A centrização da vida política em Portugal não se fará, porém, através do "antipêcêpismo". Até quando, o antipêcêpismo será trunfo partidário capaz de calar a justa e indignada voz dos portugueses que, cada dia, vivem com menos esperança, com mais dúvidas?

Decerto que não vai ser fácil que nos esqueçamos daquilo que pensamos serem as graves responsabilidades morais e políticas do "pêcêpismo" e do "gonçalvismo". Decerto que continuamos a não compreender que algumas forças políticas tenham desejado manter a colaboração com este PCP, quando este se recusou a cumprir um mínimo de condições políticas e morais para que tal pudesse acontecer. Mas não poderão as forças democráticas continuar indefinidamente a invocar o "pêcêpismo" ou o "gonçalvismo" para explicar tudo, como não era possível ao gonçalvismo evocar permanentemente a "herança fascista" para explicar ó desastre da sua política.

Amanhã, quem será o bode expiatório? A democracia não é compatível com a teoria de bode expiatório ou com a agitação permanente de fantasmas. Quando as dificuldades se tornam próximas e os dramas se vivem intensamente em cada família portuguesa, não tem importância alguma, do ponto de vista da opinião pública, que se invoquem os fantasmas e os perigos que eles comportam. Porque, por maiores que tenham sido as transformações estruturais da economia e da sociedade portuguesa, o povo português não tolera alterações aos seus padrões de consumo - mesmo baixos como, na média, eram - para além de certos limites. O monstro que é a insegurança familiar não se exorciza com fantasmas. Elimina-se com uma correcta prática política. É nessa prática que todas as forças políticas responsáveis se têm de empenhar. Pelo nosso lado, estamos crentes de ter dado prova, em múltiplas ocasiões, de estarmos conscientes das nossas obrigações perante o País. Não será por nós que se criarão as condições de instabilidade favoráveis, a novos golpismos pseudo-redentores, ainda que de outra cor. E talvez a história venha a reconhecer que foi também graças aos democratas centristas, da sua recusa em embarcarem no jogo oportunista do eleitoralismo mais primário, que a democracia teve condições para se salvar em Portugal. Estamos dispostos a honrar esta missão, na pedagogia política que nos cabe como partido de oposição, profunda e inequivocamente empenhado na democracia social avançada que desejamos ver construída. Oxalá outros, que se reclamam de posições à nossa esquerda, e que estão no Governo, também assim o saibam entender, pela coerência das suas posições, pela clareza das suas atitudes. De outro modo, a convulsão social atingirá tais dimensões que os riscos corridos pelo projecto democrático serão incalculáveis.

Pelo nosso lado, estamos dispostos, sem abdicar dos nossos direitos dó oposição que continuamos a reivindicar, a participar no diálogo necessário para a sobrevivência e consolidação da democracia.
Mas o Governo e as restantes forças políticas têm de compreender com rapidez uma política que, definitivamente, conduza ao desbloqueamento, psicológico das tensões que se estão a acumular em torno da nossa vida colectiva. Não basta que o Conselho da Revolução se preocupe com a especulação em torno da alta. do custo de vida. Essa especulação só pode cessar se ao aumento do custo de vida forem dadas as respostas económicas, políticas e psicológicas necessárias.

Os aspectos psicológicos e sociais do actual processo político não podem, na verdade, ser menosprezados. E isso leva-nos a considerar uma outra importante dimensão. Na verdade, mais do que nunca interessa sublinhar o papel fundamental que cabe ao quarto poder do Estado, a esse poder inorgânico que é constituído pelos órgãos de comunicação social.

Nesta Assembleia, em múltiplas ocasiões, se ouviram ataques muito firmes - e em vários casos justos - sobre certos órgãos de informação. Hoje, cabe elogiar tantos jornalistas portugueses que, apesar de tudo, souberam demonstrar que são bem capazes de fazer jornalismo independente e que, dia a dia, o estão provando pelo seu trabalho e pelo seu comportamento.

Trabalho que muitos deles continuam a exercer em órgãos ditos estatizados. Pessoalmente devo dizer que tenho as mais sérias reservas sobre o princípio da existência de jornais dependentes do Governo. Julgo que haveria soluções capazes de melhor salvaguardar a independência das redacções jornalísticas e o próprio erário público do que aquela que foi adoptada. Ficará para outra altura o desenvolvimento desta tese. Para já, interessa sublinhar a enorme importância dos jornais e, em geral, dos meios de comunicação na consolidação dos espaços de liberdade que uma respiração saudável do espírito democrático do País inequivocamente exige. A sua serenidade, a sua competência, a sua inteligência, a sua objectividade, a sua recusa ao ódio e à intolerância, são factores fundamentais para o reencontro das condições que permitam a sobrevivência da democracia.

A televisão, de modo particular, tem de contribuir para este esforço. Nela convergem as maiores potencialidades de concurso para o desbloqueamento psicológico das actuais tensões sócio-políticas. A televisão deverá ser o espelho da realidade social: e se o conseguir, terá contribuído, da forma mais útil, para que o País não caia na desilusão ou na convicção de que está a ser enganado ou de que não há alternativa democrática possível. A televisão tem de ser um espaço de encontro e de confronto. Os principais dirigentes políticos têm de apresentar-se, em debate directo, perante o público, analisando a situação do Pais, confrontando as soluções, discutindo as suas perspectivas mútuas.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Concluo: na política económica, na clarividência dos partidos políticos mais responsáveis, na prática do sistema de informação, joga-se o futuro de Portugal.

Comecei por dizer que iniciávamos este ano com perspectivas sombrias. Julgo, porém, que a nossa esperança na democracia, na reconstrução e na reconciliação, tem sérias razões para sobreviver.

Acredito na capacidade do povo português para construir em Portugal a democracia.

Apesar de tudo e contra muitos.

Muito obrigado.

Adelino Amaro da Costa, CDS na Oposição, Lisboa, CDS, 1976

02 junho 2005

O velho na montanha

Caros Maria, Duarte e Francisco,
Mesmo a propósito do que lá vem em baixo, leiam o velho da montanha.
Vivó Rei!

João e Maria dos tempos modernos

Antes de lerem este post, leiam o meu post anterior para se lembrarem desta história que nos aterrorizou a infância.
Era uma vez, numa Europa moderna, dois irmãos que se nunca se tinham dado lá muito bem: a França e a Alemanha. A dada altura uma enorme guerra dilacera a Europa e os dois irmãos saem dela pobres, destruídos e desanimados.
Nesse momento, decidem formar, juntamente com a Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, uma comunidade que era promissora de paz e prosperidade por muitos e bons anos. Essa comunidade foi sendo cada vez mais alargada em número de Estados e em competências, sem que os Alemães, Fanceses e outros, sequer se apercebessem disso, vendo-se a certa altura reféns do mesmo sonho que os levara a formar iniciar esse caminho comunitário e que agora se encontrava já muito deturpado.
Essa comunidade não era a única a mudar, com ela mudava também o resto do mundo. O GATT mudava o comércio mundial, o bloco comunista caía, a China perdia-se de amores pelo capital e a África, até aí sobre as influências cultural e económica europeia, perde-se de amores pela madrasta má, a América.
Autista a tudo isso, a Comunidade continuava a engordar-se a si própria, e os eurocratas continuavam sempre a mostrar aos seus cidadãos o osso em vez do dedo.
Agora, uma série de factores levam a que os Europeus se apercebam que a Europa afinal já não lhes tráz a prosperidade pretendida:
- os Chineses invadem o seu mercado com produtos muito mais baratos que deitam abaixo as suas indústrias;
- os novos parceiros de Leste oferecem as mesmas condições de produção a custos humanos bem mais baratos;
- o Estado Social colapsa perante o número decrescente de contribuintes, por motivos demográficos e de desemprego;
- os africanos estão tão pobres que, mesmo que quisessem já não poderiam ter para a Europa a importância de outrora;
- a moeda única obriga a que haja uma política orçamental sem a qual a mesma cairia, mas que provoca uma enorme falta de flexibilidade das políticas orçamentais dos diferentes Estados Membros, flexibilidade essa que seria essencial para sustentar essa mesma moeda única, tal qual uma pescadinha de rabo na boca.
E agora? Como é que a bruxa vai para dentro do forno e os Europeus voltam para casa do pai?

João e Maria dos tempos antigos

Era uma vez, num reino distante, um viúvo com dois filhos, o João e a Maria. Esse viúvo era um óptimo pai que gostava muito dos seus filhos, mas que se casou com a madrasta má típica das histórias que começam com "era uma vez, num reino distante".
Numa altura em que estavam a passar muitas dificuldades, a madrasta convenceu o pai a abandonar os filhos na floresta, não uma, mas duas vezes, porque da 1.ª eles ainda tinham conseguido voltar a casa.
Tristes, abandonados e cheios de fome, eles chegaram a uma casa de pão de ló, com janelas de rebuçado e portas de chocolate. Sem aguentarem mais, lançaram-se sobre a casa até que aparece a bruxa má que os ilude a entrar em casa e os faz prisioneiros. O que parecia ser a salvação deles, acaba por se tornar a sua maldição.
A bruxa prende o João para o engordar e no fim o comer e obriga a Maria a trabalhar incansávelmente. Como ela era meio cega, o esperto do João, que já antes tinha voltado para casa do Pai ao marcar engenhosamente o caminho com pedras, apresenta-lhe agora um osso de galinha como sendo o seu dedo para ela apalpar e ver se ele tinha engordado. Como é óbvio, ela acha sempre que ele está macérrimo e espera até o comer.
A história acaba com a Maria a meter a bruxa no forno, a salvar o João e a fugirem os dois para casa do pai que já tinha dado com os pés na madrasta e andava à procura deles.
Já conheciam esta história?

NÃOs

Vale bem a pena ler um bom post de um bom Alentejano sobre o Tratado Constitucional Europeu.

01 junho 2005

"POR FAVOR, AGUARDE QUE JÁ A ASSALTO"

Hoje li no Público uma notícia que diz que a EMEL (Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa) vai “testar uma central de gestão do estado por parte dos parquímetros instalados na cidade, que lhe permitirá saber em tempo real o estado destes equipamentos”.
Esta notícia fez-me lembrar que de há uns meses para cá tenho-me confrontado diariamente com uma situação insólita. Todos os dias de manhã quando saio de casa (não estou a exagerar, são mesmo todos os dias!), deparo-me com dois jovens à minha porta. Nada de estranhar, não fosse o facto de eu ter mesmo à porta uma máquina de parquímetro da EMEL e destes jovens estarem sempre a assaltá-la!
Fala-se tanto em segurança nas ruas, mas o facto é que sou obrigada, repito todos os dias, a assistir a um assalto e nunca por lá vi um polícia a vigiar nada.
E o mais escandaloso é que estes assaltos são feitos nas calmas e com o ar mais natural desta vida. Os “rapazinhos” até são simpáticos, riem-se sempre e até já me baixam a cabeça educadamente, como que a dar o bom dia! Pudera, já me conhecem!
E eles são eficientes, pois actuam em várias zonas de Lisboa e, pelos vistos, nunca são apanhados. A semana passada fui a casa de uma amiga, no Campo Pequeno e tive que ir pôr moedas no parquímetro. Pus-me na fila, porque estavam duas pessoas à minha frente. E não é que eram os ditos “rapazinhos” educados que todos os dias de manhã me dão o bom dia à porta de casa?! Não só assisti a mais um “simpático” assalto, como estive na fila à espera que eles acabassem o “trabalho”!
Já que a polícia não lhes faz nada, só rezo para que estes rapazes um dia não acordem de mau humor e, logo de manhã, quando estou a sair de casa, me digam educadamente “Por favor, aguarde que já a assalto”…