20 abril 2005

Não Matarás.

É indissociável. Por mais que tente, não consigo pensar na minha pessoa, em termos de credos ou filosofia, posições politicas ou outras, sem ser num todo.

Por mais que tente perceber o motivo de um Estado ter necessariamente de ser laico, para poder dar direito a escolhas ou vontades, não percebo porque o inverso, não o é verdadeiro: hoje, mais que nunca, assistimos à destruição de Deus e ao nascimento do Super-Homem.

Cremos e vivemos, com direitos a escolhas – sem condicionalismos no sentido de cima para baixo (Estado para as Famílias), que nos levam a pensar e a viver como se Deus não existisse. Este argumento é tão válido como o seu antípoda, ie, se a anulação d’Ele é possível, também deveria ser possível, nas sociedades modernas, que houvesse alguma regra de conduta (no mesmo sentido de cima para baixo) que nos apontasse o Norte, que é, sem dúvida, Deus.

Se hoje se pode matar um feto, que segundo Santo Agostinho no momento da sua concepção é confrontado com a imagem de Deus; então esta morte não pode ser mais fruto de um aniquilamento da presença de Deus na sociedade do Homem.

O Homem já não precisa de Deus. É auto-suficiente!

No Sábado passado, na hora semanal em que dou catequese, fui “interrompido” por um Missionário Comboniano que nos interpelou com a seguinte questão: que é preciso mais coragem? Para matar ou para fazer viver?

Logicamente, para se poder matar é necessário ter-se coragem, no sentido mais lato do termo, claro. Mas para dar e fazer viver, a coragem não é maior?

- É mais fácil tirar-se a vida a uma pessoa acamada e dizer que é uma morte misericordiosa, ao invés de se lhe dar a qualidade de(vida)?

- É mais fácil aniquilar-se um ser indefeso, um menino (Jesus) que tantas vezes quer nascer no seio das nossas famílias e não tem a oportunidade, pois não há condições para o criar, que foi…indesejado?

- É mais fácil juntarmo-nos a quem não conseguimos vencer, e em vez de tirarmos pessoas da droga, darmos-lhes locais para se poderem drogar em condições?

Sim, posso concluir: é sempre mais fácil matar.

Olhando para a obra desse grande compositor que foi Bach, a lição maior que se pode tirar é a de que não há consolidação na Terra, só no Céu. A Vida não é cá, e pensarmos que ela o é, prova ingenuidade. Todos nascemos, uns de Sol a Sol, outros à sombra…mas todos fazemos um percurso na Terra, até ao último dia das nossas vidas.

Penso que não é censurável este meu comentário tão “teologal” e peço desculpa se desvirtuo o carácter político no nosso Blog…mas é como disse no início, sou um todo, e tolher a parte de mim que clama por uma verdadeira Páscoa na nossa sociedade, faz-me viver numa prisão…e quem se apercebe disso é quem mais sofre.