30 julho 2005

Presidenciais

O tema escolhido para esconder a crise do Governo foram as eleições presidenciais, eu também vou ceder e comentar o tema quente destas semanas.

As próximas presidenciais espero que sejam disputadas entre dois ou cinco candidatos, mas nunca a quatro, pois infelizmente acho que sei quem seria o partido que não apoiaria um candidato próprio e isso não seria bom para a afirmação do partido e para a consolidação da sua base eleitoral.

Mas centrando a analise nos dois candidatos sobre os quais a comunicação social tem falado nos últimos dias e assumindo que são os que estão melhor colocados para ganhar as presidenciais.

Nos últimos dias muitos têm usado o argumento da idade para criticar a candidatura de Soares, embora acreditando que é uma crítica valida penso que o principal problema é a visão que Soares tem do cargo de Presidente da Republica.

Acho mesmo que este é o ponto fundamental das duas candidaturas, ou seja, aquilo que esta em causa, mais do que uma escolha entre Soares e Cavaco, é uma escolha entre um pendor presidencialista ou um pendor parlamentar do nosso sistema político.

Se eu podia ter dúvidas sobre o “presidencialismo” de Soares as duvidas ficaram desfeitas quando este disse que iria apoiar o candidato indicado pelo PS, podia (e devia) ter dito o candidato apoiado pelo PS, mas não foi isso que disse o que mostra a interpretação claramente presidencialista que Soares tem do nosso sistema político.

Por outro lado quando se falou em Cavaco e Santana para as presidenciais, o primeiro disse que defendia um presidente pouco interventivo e o segundo defendeu o contrario.

Os dados estão lançados, depois das autárquicas o debate será com certeza interessante, eu já fiz a minha escolha.

28 julho 2005

O slogan infeliz.


O CDS-PP tem uma nova campanha feita a pensar nas próximas autárquicas, até aí tudo bem. Porém a frase que dá o mote a essa campanha é “De novo do seu lado”. Ora esta frase só pode ter sido feita ou por alguém que não sabe publicidade, ou por alguém que não sabe nada de política.
Um partido que acaba de sair do poder, vem dizer que está de novo ao lado dos portugueses parece que só está ao lado dos portugueses na oposição, e quando chega ao governo deixa de estar, ou só está ao lado dos portugueses nas eleições, o que é igualmente grave.
Não sei se vamos a tempo de corrigir o erro, talvez ficasse melhor dizer “Mais uma vez do seu lado”, mas isto sou eu que acho...

18 julho 2005

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17 julho 2005

Ainda os Direitos, liberdades e garantias

Não podia estar mais em desacordo com o Duarte, quando ele diz que a proposta britânica de controlo das comunicações é inaceitável, na medida em que põe em causa direitos, liberdades e garantias.
Efectivamente, isso até pode ser verdade. Se há controlo das minhas comunicações, há uma restrição ao meu direito à privacidade e à inviolabilidade das minhas comunicações. Mas vamos a ser honestos, se as minhas comunicações não constituem crime, qual o meu problema em que elas sejam filtradas por serviços de segurança? O meu "egoísmozinho" pessoal de não querer que o 'Sôr Agente' saiba que estou a combinar ir ao cinema com o João, ou ir almoçar com a Maria, não pode pesar mais do que saber que, com mais controlo, massacres como o de LONDRES poderão ser evitados!
Para além do mais, todos nós sabemos que o Big Brother existe, está aí... só não lê os meus emails quem não quer e só não sabe o que eu faço com o meu telemóvel quem não está nem aí! Porque quem quiser saber, quem quiser mesmo saber, facilmente tem conhecimento de tudo o que eu faço na internet e através do telemóvel. E, no mundo em que vivemos, em que tudo depende cada vez mais das tecnologias, com acesso aos meus registos telefónicos e de internet qualquer pessoa pode reconstruir facilmente a minha vida e os meus passos, saber quem são os meus amigos, onde costumo andar, quem é o meu médico, o banco em que tenho conta, quais as minhas despesas, etc...
E não sejamos ingénuos! Quem nunca imaginou que na empresa em que trabalha há controlo dos emails que recebe e que envia? Claro que há! Por questões de segurança, muitas vezes tão só para protecção da propriedade intelectual. E quantos de nós viverão na ilusão que só os suspeitos de crimes graves são escutados?
Para além destes factos quase óbvios, a verdade é que vivemos num mundo agressivo e perigoso. O terrorismo é uma forma de guerra dissimulada, desigual, cobarde e sem rosto. Não o podemos vencer pelas formas tradicionais. O único caminho é protegermo-nos. Não podemos, pura e simplesmente, abdicar de todos os nossos direitos, liberdades e garantias, conquistados ao longo dos anos. Mas podemos impor regras mais restritivas em nome da segurança de todos nós.
Se para evitar um novo 7/7 for preciso que alguém guarde o registo das minhas chamadas telefónicas durante 12 meses, que assim seja. A segurança e a vida de todos nós pode depender desse tipo de procedimento. E mesmo os direitos fundamentais podem sofrer restrições, quando em face de outros direitos de igual valor. Não sei se o direito à protecção da intimidade será de valor superior ao direito à vida de cada um de nós, aquilo que, em última análise, tais medidas pretendem proteger. Não me parece!
Para terminar, tenho a dizer que, também ao contrário do Duarte, eu me revejo a 100% nas palavras do Dr. Ribeiro e Castro quando diz, com inegável clareza e frontalidade “o que viola os direitos, liberdades e garantias são as bombas e os atentados terroristas”. Era bom que todos os políticos falassem assim claro!

13 julho 2005

Muçulmanos na Europa


Não se tem falado de outra coisa desde que se descobriu que os terroristas islâmicos de Londres eram todos nascidos e vividos em Inglaterra, senão do problema da integração das comunidades Islâmicas nas Sociedades Europeias.
Todos os filhos das grandes religiões monoteístas, Judeus, Cristãos e Muçulmanos, partilham o mesmo Deus: o Deus de Abrão, Isaac e Jacob; o Deus que guiou o seu povo para a Terra Prometida e que nos continua a guiar pelo Seu grande amor; o Deus da Sarça Ardente e do Monte Sinái; o Deus dos 10 Mandamentos...
Apesar de poucos, já tenho falado com alguns Muçulmanos e, devo dizer que me identifico com com a sua forma de vida. São pessoas que tentam entender no dia-a-dia o que Deus lhes pede, tentam viver o Seu Amor, procuram a vivência da caridade e encontram no próximo um irmão, como eles filho do mesmo Deus.
O que se tem passado com estes atentados terroristas é que há muitos Muçulmanos a viver muito mal a palavra de Deus e há muitos outros que têm algo a ganhar com isso. Quando, por exemplo, a Al Kaeda preparou os atentados do 11.09 nos EUA e do 11.03 em Madrid, isso deu-lhe uma visibilidade no mundo Muçulmano sem precedentes até aí, e ajudou-a a angariar mais fanáticos para as suas fileiras.
E o que é que os governos do Ocidente agora podem fazer? Expulsar os Muçulmanos todos para fora das suas fronteiras, fazendo pagar o justo pelo pecador? As reacções da sociedade Inglesa têm ido um bocadinho nesse sentido e têm-se feito sentir acções de condenação contra os Muçulmanos de Inglaterra...
Neste momento não sei avançar com soluções, mas sei que cada acto de ódio vai gerar novos actos de ódio e que cada atentado vai gerar mais perseguições às comunidades Islâmicas e essas perseguições, por sua vez, só podem ter como consequência que os verdadeiros Muçulmanos não vão conseguir controlar os fundamentalistas.

05 julho 2005

Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias (PIIP)

O Governo apresentou hoje o seu Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias e, tenho que reconhecer que, mais uma vez, demonstrou que é mestre em marketing, pondo a nu, no entanto, que a política séria e competente é muito diferente a política do show off !

Efectivamente o que vimos hoje foi uma feira de vaidades a passear-se no CCB e um Primeiro Ministro a fazer pompa e circunstância à volta de um prato requentado, uma manta de retalhos de ideias já velhas e gastas.

Uma vez mais, o Governo foi buscar a Ota e o TGV como grandes estrelas de uma festa que não faz sentido fazermos. O investimento público, no caso investimento que ascende aos 9.029 milhões de euros, não é a tábua de salvação de um país com défices excessivos e com uma despesa pública incontrolável. Se, por um lado, o investimento público pode ajudar a dinamizar a economia (já que é uma injecção de capital), a longo prazo acabará por pesar nos bolsos de todos nós. Porque a ideia de que todos estes projectos, agora apresentados, se farão com privados, pretendem fazer esquecer que os privados procuram lucro. No caso, a factura será devolvida ao Estado, já que foi este que os foi buscar para parceiros das suas grandes obras.

Mais grave ainda é o facto de tais grandes obras serem polémicas, casos da Ota e do TGV, opções que ainda não ficou demonstrado serem as mais urgentes e as economica e tecnicamente mais adequadas. Mas são, claro está, as que mediaticamente causam mais impacto, já que são grandes obras! Nem sei como ficou fora do pacote a terceira travesia do Tejo!

A maior fatia do bolo dos investimento, porém, não vai para nenhuma das grandes obras, mas fica com o programa de produção de energia eólica. Estando afastada a hipótese de instalação de uma central nuclear, o Governo aposta forta na produção de energia por fontes renováveis, principalmente na eólica. É uma forma que contribui para o cumprimento das metas de Quioto, no que diz respeito às emissões de CO2, que ajuda à diminuição da dependência face ao petróleo e aumenta a eficiência do sector energético. Por aqui até me parece que podemos estar no bom caminho. Importante é saber como pretende o governo gastar os 2.500 milhões euros previstos para o sector!

Do Programa de Investimento em Infra-estruturas Prioritárias percebe-se que grande parte será concretizado à base de parcerias público-privadas. Confesso que nada tenho contra as PPP, que reconheço serem uma forma de se entregarem aos privados actividades tipicamente desenvolvidas pelo Estado, conseguindo, assim, maior eficiência e ganhos económicos significativos. Acho, até, que são uma forma bastante racional de levar a cabo as tarefas tipicamente a cargo da Administração, já que a noção do Estado auto-suficiente já não faz o mínimo sentido, na medida em que tal ideia não é nem economicamente viável nem sequer desejável, já que se provou que, na maioria dos casos, a gestão privada tem inúmeras vantagens face à gestão pública. Porém, não me parece que o investimento público, ainda que concretizado através de PPP, seja a solução para os problemas estruturais da nossa economia. Quando o Estado continua a 'comer' grande parte dos rendimentos das empresas e a criar dificuldades, a todos os níveis, àqueles que querem investir, não pode tentar tapar o buraco que é a falta de competitividade da nossa economia e a fraca capacidade de atracção do investimento dos privados, com o investimento público. A curto prazo gera-se a ideia de riqueza mas, no fundo, tudo continuará na mesma! Cavaco Silva, nos seus Governos, também seguiu este caminho e viu-se que o desenvolvimento dos anos dourados do cavaquismo não era sólido e não tinha bases de sustentação. O mesmo Cavaco Silva veio, há pouco mais de um mês, dizer que o investimento público não é, nem pode ser, tábua de salvação!

Portugal precisa de empresas competitivas e de empresários dispostos a investir a sério em Portugal. Não precisa de privados ao colo dos investimentos públicos, pagos, em última análise, pelo nosso dinheiro!

Por isso estes programas, apresentados com tanta pompa, não me convencem. São balões de ar para quando a situação é má, mas não resolvem os nossos problemas estruturais. Construída a Ota e feito o TGV, e, claro está, inaugurados em prime time em 2009, vamos ter que os pagar, e aí vamos perceber que a factura é, talvez, alta demais!

Valor do investimento público por sectores/projectos:

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01 julho 2005

Estes são os seus juízes?

Ele há gente que não tem sorte. Se são Ministros da Administração Interna, são os polícias que são maus, se são Ministros da Justiça são os Juízes que são ociosos... Até parece perseguição!
O que é que é verdadeiramente essa tal coisa das férias judiciais? Será que é a altura que os juízes vão para a praia no Verão, fazer filhoses no Natal e vestir-se de coelhinhos distribuidores de ovos de chocolate na Páscoa?
Sem dúvida que a ideia até parece simpática, mas o que acontece no tribunal enquanto a Meretíssima Juíz anda por aí aos saltos pelos prados verdes com um cesto de ovos debaixo do braço? Deixa em sua substituição os anõezinhos mágicos do Reino dos Juristas maravilhosos?
É que, nessa altura continuam a correr os processos urgentes, continuam a ser julgados os arguidos detidos, despacham-se processos atrasados...
Também milagrosamente, a seguir ao Meretíssimo Juíz passar 10 dias em casa à volta das frigideiras com óleo a saltar por todo o lado a produzir as melhores filhoses do mundo, de um momento para o outro parece que os processos, mesmo os não urgentes, avançam muito mais!
Se os juízes não estão a trabalhar durante as férias judiciais, não fazem horas extraodrinárias e mesmo assim, apesar de uma certa morosidade, os milhares de processos que correm em tribunal aparecem são trabalhados, então estes também não são os meus juízes! Despeçam-nos porque os tais anõezinhos é que fazem tudo!