21 dezembro 2004

Deficit - Caríssimo amigo Diogo,

Em primeiro lugar importa referir que estamos perante um grave problema estrutura de Portugal, e não de um mero problema conjuntural, culpa de um ou outro governo.

Em relação ao teu ponto 1 – a reforma fiscal – realizada no ano de 2000 pelo Ricardo Sá Fernandes, é sem dúvida nenhuma uma boa reforma fiscal. Mas o principal problema no nosso sistema não está nas taxas de tributação, mas sim na ineficácia da administração fiscal realizar a sua tarefa, ou seja, fiscalizar.

O que se passa é a maior das imoralidades. Quando chegamos ao ponto de ter um presidente de uma associação folclórica e desportiva de Lisboa que frequenta o jet set, e declara ter rendimentos mensais da ordem dos 300 €, e sabendo nós, que os filhos da sua mulher frequentem um dos melhores colégios portugueses… há muito explicar. Este exemplo é uma crime que deveria ser severamente punido. Mas não. Ainda se passeiam com ar de gozo.

Nunca te esqueças Diogo que, apenas 7 empresas nacionais pagam 85% do IRC em Portugal. Será que estas empresas representam 85% da riqueza criada em Portugal?....... Claramente que não.

Em relação ao teu ponto 3 – redução da despesa pública. Esse sim é o cancro da nossa económica publica. Diogo para se reduzir a despesa pública é necessário ter estabilidade política, caso contrário não estão reunidas as condições para tal. Porque quem tiver coragem para o fazer nas eleições seguinte perde.

Nunca te esqueças Diogo que 50% das despesas públicas são para pagar salários. Será que a administração pública representa 50% da nossa economia?......... Claramente que não

Diogo, isto só se endireita com políticas financeiras coerentes e firmes. E com um Governo muito forte e apoiado por uma sólida maioria parlamentar (mas isso hoje em dia também já não chega) e acima de tudo com um 1º Ministro muito forte.