06 janeiro 2005

Os 3 C's - Reflicta Sr. Sócrates!

- Já se disse acertadamente que educar não é encher uma vasilha vazia mas acender uma luz! Em outras palavras, educar é ensinar a pensar e não apenas ensinar a ter conhecimentos. Estes nascem do hábito de pensar com profundidade. Hoje em dia conhecemos muito mas pensamos pouco o que conhecemos. Aprender a pensar é decisivo para nos situarmos autonomamente no interior da sociedade do conhecimento e da informação. Caso contrário, seremos simples caudatários dela, condenados a repetir modelos e fórmulas que se superam rapidamente. Para pensar, de verdade, precisamos ser críticos, criativos e cuidantes.

- Somos críticos quando situamos cada texto ou evento no seu contexto biográfico, social e histórico. Todo o conhecimento envolve também interesses que criam ideologias que são formas de justificação e também de encobrimento. Ser crítico é tirar a máscara dos interesses e trazer à tona conexões ocultas. A crítica boa é sempre também auto-crítica. Só assim se abre espaço para um conhecimento que melhor corresponde ao real. Pensar criticamente é dar as boas razões para aquilo que queremos e também implica situar o ser humano e o mundo no quadro geral das coisas e do universo em evolução.

- Somos criativos quando vamos além das fórmulas convencionais e inventamos maneiras surpreendentes de expressar a nós mesmos e de pronunciar o mundo; quando estabelecemos conexões novas, introduzimos diferenças subtis, identificamos potencialidades da realidade e propomos inovações e alternativas consistentes. Ser criativo é dar asas à imaginação "a louca da casa" que sonha com coisas ainda não ensaiadas mas sem esquecer a razão que nos segura ao chão e nos garante o sentido das mediações.

- Somos cuidantes quando prestamos atenção aos valores que estão em jogo, atentos ao que realmente interessa e preocupados com o impacto que as nossas ideias e acções podem causar nos outros. Somos cuidantes quando não nos contentamos apenas em classificar e analisar dados, mas quando discernimos atrás deles, pessoas, destinos e valores. Por isso, somos cuidantes quando distinguimos o que é urgente e o que não é, quando estabelecemos prioridades e aceitamos processos. Em outras palavras, ser cuidante é ser ético, pessoa que coloca o bem comum acima do bem particular, que se responsabiliza pela qualidade de vida social e ecológica e que dá valor à dimensão espiritual, importante para o sentido da vida e da morte.

- A tradição iluminista de educação tem enfatizado muito a dimensão crítica e criativa e menos a cuidante. Esta é hoje urgente. Se não formos colectivamente cuidantes, esvaziaremos a crítica e a criatividade e podemos pôr tudo a perder, o bem viver em sociedade com justiça mínima e paz necessária e as as condições da biosfera sem as quais não há vida. Albert Einstein despertou para a dimensão cuidante de todo saber quando Krishnamurti o interpelou: "Em que medida, Sr. Einstein, a sua teoria da relatividade ajuda a minorar o sofrimento humano?" Einstein, perplexo, guardou nobre silêncio. Mas mudou. A partir daí se comprometeu pela paz e contra as armas nucleares.

- Em todos os âmbitos da vida, precisamos de pessoas críticas, criativas e cuidantes. É condição para uma cidadania plena e para uma sociedade que sempre se renova. Tarefa da educação hoje é criar tal tipo de pessoas.

Leonardo Boff


A minha conclusão: Em tantas matérias, ditas frágeis e singulares como a Religião, Educação - no sentido que o texto nos aponta, a Sexualidade, entre outras...Quando estas são transpostas para uma realidade política e não a social que lhe merece destaque, o resultado é, como o Carlos referiu anteriormente "De reforma em reforma a coisa vai piorando e vão-se vendo os alunos cada vez menos preparados para uma coisa tão simples como perceber o conteúdo de um texto, de um gráfico ou fazer uma conta simples de cabeça." - numa frase, serem críticos, criativos e cuidantes.

Vamos mudar, e mudar não é sermos tolerantes, pois quem tolera consente. Não vamos ser indiferentes, pois a indiferença é sinal de desgaste e não é isso que queremos. Temos mãos para fazer mais e melhor, e todos sabem que quando fazemos é bem feito. Força PP!