02 junho 2005

João e Maria dos tempos modernos

Antes de lerem este post, leiam o meu post anterior para se lembrarem desta história que nos aterrorizou a infância.
Era uma vez, numa Europa moderna, dois irmãos que se nunca se tinham dado lá muito bem: a França e a Alemanha. A dada altura uma enorme guerra dilacera a Europa e os dois irmãos saem dela pobres, destruídos e desanimados.
Nesse momento, decidem formar, juntamente com a Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, uma comunidade que era promissora de paz e prosperidade por muitos e bons anos. Essa comunidade foi sendo cada vez mais alargada em número de Estados e em competências, sem que os Alemães, Fanceses e outros, sequer se apercebessem disso, vendo-se a certa altura reféns do mesmo sonho que os levara a formar iniciar esse caminho comunitário e que agora se encontrava já muito deturpado.
Essa comunidade não era a única a mudar, com ela mudava também o resto do mundo. O GATT mudava o comércio mundial, o bloco comunista caía, a China perdia-se de amores pelo capital e a África, até aí sobre as influências cultural e económica europeia, perde-se de amores pela madrasta má, a América.
Autista a tudo isso, a Comunidade continuava a engordar-se a si própria, e os eurocratas continuavam sempre a mostrar aos seus cidadãos o osso em vez do dedo.
Agora, uma série de factores levam a que os Europeus se apercebam que a Europa afinal já não lhes tráz a prosperidade pretendida:
- os Chineses invadem o seu mercado com produtos muito mais baratos que deitam abaixo as suas indústrias;
- os novos parceiros de Leste oferecem as mesmas condições de produção a custos humanos bem mais baratos;
- o Estado Social colapsa perante o número decrescente de contribuintes, por motivos demográficos e de desemprego;
- os africanos estão tão pobres que, mesmo que quisessem já não poderiam ter para a Europa a importância de outrora;
- a moeda única obriga a que haja uma política orçamental sem a qual a mesma cairia, mas que provoca uma enorme falta de flexibilidade das políticas orçamentais dos diferentes Estados Membros, flexibilidade essa que seria essencial para sustentar essa mesma moeda única, tal qual uma pescadinha de rabo na boca.
E agora? Como é que a bruxa vai para dentro do forno e os Europeus voltam para casa do pai?