21 outubro 2004

Caro Frederico:

Caro Frederico Nunes de Carvalho,

Informei-me sobre quem eras tu, do "alentejo profundo", antes de te dar formalmente as boas vindas a esta casa: MUITO BEM VINDO!
Para quem, como eu até ontem, não saiba, o FNC é o Presidente da Concelhia de Évora da JP.
Mas agora, caro Frederico, deixa que te diga que há um pontinho ou outro no teu post que eu não posso deixar de responder.
Já percebi que temos em comum o gosto pela História, mas interpretamo-la de uma forma um bocadinho diferente. No fundo a História é como a Lei, há muita gente a pensar sobre ela e com as formas de a ver mais diferentes que se possa pensar. Não estamos a falar de matemática em que quem disser que 2+2 não dá 4, pura e simplesmente está errado.
Ora bem, então muito resumidamente o que eu queria dizer era que, gostemos ou não, a função do Estado tem vindo a alterar-se ao longo dos séculos. Hoje em dia o papel dos Estados Modernos Europeus tem sido principalmente assegurar o crescimento económico e o conforto e segurança dos seus habitantes.
Noutros tempos não era assim e não era assim nomeadamente nos tempos do Sr. D. João V, em que o papel do Estado (ou do Monarca, ainda nos tempos do "l'ètat c'est moi") , era principalmente o de assegurar o prestígio do próprio Estado (logo do Monarca) e, deste modo, mostrar ao mundo a riqueza do Rei de Portugal com obras como Mafra, como as embaixadas às Cortes Estrangeiras, como a ajuda aos Estados Pontifícios na luta contra o Império Turco, etc.
Já muitos anos mais tarde, na I.ª República não te apercebes qual deva ser o papel do Estado e ficas a pensar, como eu penso, que o papel do Estado era o de servir a ideologia de uns quantos "iluminados". Sendo esses quantos "iluminados" maçãos, o papel do Estado era principalmente perseguir a Igreja e qualquer influência que esta tivesse na Igreja.
O Estado Novo, ao contrário do que muito se tem dito, era pouco ideológico e muito pragmático. Aliás, a ideologia do Prof. Salazar era mesmo o pragmatismo máximo, misurado com um sentido de Nação incompreensível para muitos hoje em dia: Nação era "de Minho a Timor", logo a sua defesa era um imperativo Nacional e se muito ficou por fazer a nível do desenvolvimento interno, muito se deverá a essa necessidade da defesa da Nação.
Em qualquer dos casos, para cada época teremos que avaliar o desempenho dos seus governantes de acordo com os objectivos da época e não com os de hoje em dia, por isso não hesito emclassificar o Sr. Dom João V, por exemplo, como um grande governante que conseguiu o que na altura os governantes pretendiam conseguir (já foste a Mafra?).
Quanto à CEE... Tanto que temos beneficiado, não achas? Aliás, quando eu vejo o que Portugal tem recebido da CEE/CE/UE, penso que o nosso grande problema em relação à Europa, somos nós mesmos. Com o dinheiro que recebemos de 1986 até hoje, só não temos o país num brinquinho a exportar cultura para o Brasil e PALOPs, por nossa culpa.
Por último, caro Frederico, não deverias ser tão péssimista em relação a Portugal. Bem sei que se há 30 anos a minha família tivesse visto uns símios a invadir as suas terras e a destruir as suas coisas, como a maioria dos Alentejanos viram, talvez eu não fosse tão optimista, mas acho mesmo que nós fazemos parte de uma geração de ouro, que tem tudo para ser bem sucedida em Portugal, na Europa e além mar, como os nossos avós de 500. Só temos que ter ganas e aprender da História.

Um abraço

Diogo

PS
Responde, barafusta, manda vir e chateia, é para isso que os blogs servem.

PPS
Peço desculpa aos outros bloguistas e aos nossos queridos leitores pela extensão deste post.