18 outubro 2004

Re:

Bem, em resposta ao post do Nuno (sobre a Censura), acho que temos de ter presente duas coisas antes de tudo: a primeira, sobre o caso Marcelo, se realmente houve pressões por parte do Governo para uma mudança na atitude/discurso que até então o comentador fazia e, em segundo lugar, não cairmos numa certa ingeniudade política ao pensarmos que os "nossos" são muito ou drásticamente diferentes "deles". Que quero dizer com isto? Já veremos:

Quando, na gíria do futebol dizemos que o árbitro fez um erro ao assinalar uma falta inexistente e que depois, tenta compensar a equipa prejudicada, é mais que incorrecta essa análise! De facto, trata-se de um erro a seguir a outro erro. Mutatis mutandis, pensarmos que, mesmo que o Governo Socialista tenha agido, por algum veículo mais ou menos lícito para pressionar alguém, não é mais ou menos desculpável, se se apurar a realidade dos factos como as que nos são apresentadas, ao actual Governo. Uma vez mais, se segue a máxima por mim anteriormente apresentada: um erro atrás de outro.

Independentemente de tudo, temos de ter presente que na política, cada grupo politico-ideológico tenta "puxar a brasa à sua sardinha", sem dúvida que sim! Irmos buscar ao passado, erros de outros para tentar minorar os nossos, vem coadjuvar essa minha última frase.

Lembro-me perfeitamente de uma caso que me tocou sobre incoerência política: Quando o Governo Socialista estava no poder, o PSD, a propósito de Barrancos, dizia que era uma vergonha existirem providências cautelares por parte dos mais variados grupos de defesa animal (e não só) que consolidavam a não realização de Touradas de Morte, pois estavam protegidos pelos braços da Lei e que, como sabem, uma providência cautelar encerra a definição de "eficaz", ie, salvaguarda o direito exigido acima de tudo. Como sabemos, as touradas aconteceram...os touros morreram e, durante alguns anos, esta peça realizou-se no mesmo palco e com, mais ou menos, os mesmos actores. Quando o PSD chegou e formou o actual Governo, Eurico de Mello, uma pessoa de respeito da ideologia política do PSD, ao ser confrontado com uma jornalista sobre a morte dos touros, nesse ano em que o seu partido pertencia ao Governo...ficou simplesmente speechless. Nos dias seguintes, retirou-se da cena política.

Pois bem, tanta conversa minha para quê? Não sou céptico em relação à boa vontade humana, mas tenho algumas reticências (...) em relação à boa vontade política. O Povo "bem" diz que "são todos iguais"...é mesmo verdade? Tenho esperança que a minha geração e as vindouras realmente destituam esse conceito e que lutemos para que Portugal seja uma Nação onde todos lutem para o bem de todos e não num sistema de rotatividade (quase feudal) a que assistimos a largos anos.

Há muitas politics, mas muito poucas policies!