22 janeiro 2006

Terminologia do novo dia.

Constituição da República Portuguesa
Presidente da República
Artigo 120º - "Definição" - "O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas."
Governo
Artigo 195º - "Demissão do Governo" - "O Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado."
Hoje é um dia de júbilo. Num só movimento o nosso País viu-se livre de o que é agora um amargo passado e de uma tradição de presidentes da república tornados à esquerda.
Cinco candidatos demarcadamente esquerdistas se apresentaram a votos. Cinco candidatos que epitetavam o sexto que completa o boletim de voto de "neoliberalista", "candidato da direita", etc. Na minha opinião, são elogios a mais para alguém que tenho por um mero tecnocrata desadequado para o sério desempenho das funções do Presidente da República. O Prof. Cavaco Silva é, sem tirar nem pôr, "o mal menor". Este é o fim possível para o mau costume de eleger presidentes que se enquadram entre as elites que pensam à esquerda. No entanto, foi apenas a primeira vitória do dia.
Sampaio. Hoje será o dia lembrado como o dia em que o presidente Sampaio conheceu o seu sucessor. Este dia nublado e agora já anoitecido, enche-se de um sol que brota da esperança daqueles que, como eu, não querem ver cometidos os erros do passado.
Por duas vezes invoca a nossa Constituição, pérola e bastião do "socialismo" de outros tempos, o "regular funcionamento das instituições democráticas". Invoca-o no âmbito das atribuições do Presidente da República e depois na competência que este eventualmente terá para demitir o Governo.
Sampaio. Foi aqui que ele cometeu o seu maior pecado. Quando dilacerou a vontade expressa pelos portugueses a 17 de Março de 2002 de ter uma Assembleia da República na qual existia uma estável e democrática maioria de centro-direita. Quando quebrou o "regular funcionamento das instituições democráticas".
Sampaio. Recordá-lo-ei como o presidente que vendo os últimos grãos de areia a cairem na sua ampulheta, resolveu trazer-nos a instabilidade por todos temida, sob pretexto de a querer afastar.
Hoje já não se diz instabilidade. Está fora de moda. Hoje diz-se crise. Cada época tem o seu papão. O nosso papão sei bem quem o chamou. Mas pior: sei que foi Sampaio quem o deixou ficar.