27 outubro 2004

Resposta ao Rodrigo Moita Deus

Vi este texto do Rodrigo Moita Deus, n’O Acidental, e ele não pode deixar de me merecer uma reflexão, por dois motivos: primeiro, porque enquanto militante de uma Jota (e consequentemente ‘jotinha’) entendo dever dar o meu testemunho e, segundo, porque o texto do RMD faz eco daquela que é a opinião da generalidade das pessoas sobre as Jotas.
Indo ao meu testemunho, confesso que não foi uma nem duas vezes, que senti, nitidamente, que estava a ser olhada ‘de lado’ por dizer que era filiada numa Jota (o ser a JP aqui é indiferente). Isto porque? Porque a ideia de um ‘Jotinha’ típico é aquela pessoa que quer subir na vida sem grande esforço ou trabalho e por isso se dedica à política. Em geral somos vistos como maus alunos (demoramos anos e anos a tirar um curso), pessoas pouco sérias ou trabalhadoras, capazes de falar sobre tudo e não perceber nada! O ‘boneco’ até pode corresponder a alguns casos (naturalmente patológicos) mas não será a imagem da maioria dos Jotinhas. Falo dos que conheço (e de mim própria!): a maioria são pessoas que, ou têm a sua carreira (e são profissionais com mérito reconhecido) ou são estudantes com bom 'aproveitamento' (alguns até se encontram entre os melhores das respectivas escolas ou faculdades), pessoas sérias e determinadas, pessoas com ideias e projectos. Não são só meninos e meninas que se reúnem nos cafés para discutir o sexo dos anjos!
Nós fazemos política, nós damos formação política aos nossos militantes, nós fazemos coisas interessantes para além de festas e jantares! Só na Concelhia de Lisboa na JP (peço desculpa por falar da realidade que melhor conheço!), neste mandato, e em termos de Formação Política, que é o meu ‘pelouro’, já discutimos o Tratado Constitucional (com o Dr. Ribeiro e Castro e com o Professor Vasco Rato), já debatemos temas da cidade de Lisboa como seja o Túnel do Marquês e as Torres de Alcântara (ouvimos o Vereador António Carlos Monteiro, o Deputado Municipal Adolfo Mesquita Nunes e a Arquitecta Verónica Santos Costa), temos em preparação uma tertúlia sobre o Orçamento de Estado, uma conferência sobre a Revisão do Código Penal e de Processo Penal, uma Conferência sobre o futuro do Campo Pequena e as Touradas e uma outra sobre o património cultural da cidade de Lisboa. Parece-me que estes exemplos demonstram como a Formação Política é uma prioridade nossa! Paralelamente, há também trabalho no terreno, ao nível de participação nas Assembleias de Freguesia, um bom sítio para os jotinhas começarem a fazer política ‘à séria’! Neste aspecto parece-me as Jotas, neste caso a JP, podem ser úteis e desempenhar um papel importante ao nível da consciência política e cívida dos seus militantes!
Passando ao segundo tema, as Jotas são essencialmente vistas como escolas de 'vícios' e de ‘mau caminho’. Invariavelmente fala-se do caciquismo, do partidarismo, da caça aos votos e consequente caça aos lugares, das traições, etc... Claro que há um pouco de tudo isto, mas acho que (talvez porque sou ingénua) ninguém está numa Jota por isto! Estamos todos porque temos ideias, porque gostamos de política e porque, embora sejamos jovens e inexperientes temos que começar por algum lado! E o sítio em que se começa a 'fazer política' são as Jotas. Aí aprendemos o que há de bom e o que há de mau na política. Uma Jota é uma escola de vida e o lugar onde nos é dada a oportunidade de começar a fazer política, seja na Associação de Estudantes, seja na Concelhia ou na Distrital, e onde, pelo nosso trabalho e mérito, podemos ambicionar fazer política ‘à séria’ na nossa Freguesia e no nosso Conselho, na Assembleia da República ou num Gabinete do Governo!