22 dezembro 2004

Déficit

Caros amigos, também eu não sou especialista na matéria, pelo que espero não incorrer em erros crassos no que aqui vou expor.

Tentando elucidar melhor o Diogo, a visão que tenho do Déficit é do prejuízo acumulado do Estado. Quando o Estado tem menos receitas que despesas num ano, dá prejuízo, ou seja, origina um Déficit. Ora, sucessivos prejuízos provocam um aumento do Déficit, assim como um ano de lucro (Super Ávito) provoca uma redução do Déficit. A situação ideal, claro está, seria ter sucessivos anos de super ávito, conseguindo-se assim eliminar o Déficit e tornar o saldo super-avitário. Mas estamos bem longe disso.

Quando ouvimos falar do Déficit acima ou abaixo dos 3% a maioria das pessoas esquece-se (ou nem tem noção) de perguntar: - 3% do quê? 3% do PIB, meus amigos. O PIB é nada mais nada menos que a riqueza anual produzida pelo País, ou seja, por cada um de nós trabalhadores.

Estamos então a falar de o Prejuízo Acumulado do Estado ser ou não ser 3% superior à Riqueza Produzida em Portugal! Isto é uma enormidade!!! O Estado sozinho consegue ter um prejuízo acumulado superior ao que o País inteiro é capaz de produzir. O grave da questão reside aqui e não em ser 2, 3 ou 7% superior.

Quanto à meta dos 3% fixada pelo Pacto de Estabilidade, por mais importante que seja o seu cumprimento (por forma a podermos ter uma moeda única consistente, que seja espelho de economias equilibradas no seu todo), não faz sentido estarmos com a palhaçada a que temos vindo a assistir nestes últimos (já largos) anos. Andamos todos os anos a arranjar manobras complicadíssimas de cosmética contabilística só para cumprir os ditos 3%.

Só a título de exemplo, que sentido faz o Estado ir buscar ao Fundo de Pensões da Caixa Geral de Depósitos 1.000 milhões de euros para a Caixa Geral de Aposentações e depois fazer um aumento do capital da Caixa Geral de Depósitos em 800 milhões de euros? Vai tirar a um lado para pôr noutro e devolve doutra maneira - pelo meio o dinheiro passou pelas rúbricas contabilísticas certas e "voilá", temos uma redução do Déficit. Em que é que, na realidade, as contas do Estado melhoraram? Em nada! Palhaçada!

Já era tempo de se acabar com a palhaçada - mandamos Bruxelas dar uma volta ou acertamos as contas de vez? A segunda opção, como é óbvio! Não por medo de Bruxelas mas pela Salvação Nacional!