05 junho 2005

Estilo de Europa ou Europa com Estilo?

Quando falamos de uma Constituição Europeia temos que falar do estilo de Europa que queremos. Eu cá quero uma Europa cheia de estilo!
A 1.ª coisa é não catalogar, marcar, inventariar ou tatuar uma pessoa como anti-europeia só porque é contra a Constituição, porque isso é deixarmos os preconceitos falar mais alto do que os pensamentos.
Vai daí, vou dizer que estilo de Europa com estilo eu quero e peço desde já para não ser catalogado como anti-europeísta.
Ao contrário de alguns "pais fundadores da Europa" eu não quero uma Europa por oposição aos EUA. Curioso, hão-de pensar alguns que têm lido este blog, este não era o Diogo anti-americano. Era e sou, não vou com a cara do Tio Sam nem com molho de manteiga. Mas não é por isso que acho que a Europa deva ser construída por anti-americanismo.
Também acho que as especificidades da Europa têm que ser tidas em conta na construção de uma União. Os países da Europa tem muita da sua cultura em comum, tendo passado pelos mesmos períodos históricos e tendo sofrido as mesmas influências: Império Romano, Cristianização, Idade Média e invasões bárbaras, Cisma, Renascimento com reforma e contra-reforma Cristãs, guerra dos 100 anos, iluminismo, invasões Napoleónicas, liberalismo, 2 grandes guerras e democratização.
Por outro lado, as vertentes económica, social e cultural variam muito dentro desta Europa que tem tanto de comum. Portugal partiu para a descoberta de novos mundos no Séc. XV, seguido da Espanha no Séc. XVI e da Inglaterra, França e Países Baixos no Séc. XVII. Por essa altura a Europa Central e do Norte estavam em plenos conflitos religiosos que nunca chegaram à Península. Na Europa Oriental tinha-se consolidado a Igreja Ortodoxa e a construção da Rússia por Pedro o Grande inicia-se no Séc. XVII, sendo que é aí que no Séc. XX se inicia a primeira experiência comunista, que acaba por se estender a toda a Europa Oriental, na mesma época que no Ocidente se desenvolvem regimes autoritários.
Ao longo de todo este percurso formaram-se Estados, Nações e uniões políticas que cimentaram estas semelhanças e estas diferenças, pelo que será muito difícil construir uma única comunidade hoje com todos os países Europeus. Poque não mais do que uma comunidade com acordos de comércio entre as várias comunidades? Já não teria concordado (se me tivessem perguntado, mas nunca perguntaram aos portugueses o que eles achavam da Europa) se me tivessem proposto uma Europa a 25, tornou-se ineficiente e excessivamente pesada. E muito menos concordarei com uma Europa a 30, 35 ou com países que não partilhem conosco a mesma matriz cultural cristã, como a Turquia, Albânia, Marrocos ou Tunísia.
Por isso, chegou a altura de pensar a Europa e dar-lhe um estilo, pensando também no que queremos dela.