12 outubro 2005

Maria José Nogueira Pinto

Maria José Nogueira Pinto conseguiu, no Domingo, a muito custo, ser eleita vereadora e não obstante o mau resultado obtido (superior, porém, à média do CDS no país) merece que seja dita a verdade: nas circunstâncias do partido e do país, MJNP fez uma campanha séria e digna e soube estar, na derrota, como estaria na vitoria: com elegância e respeito democrático.

Confesso que antes destas eleições não fazia parte daquele grupo de CDS’s que adoravam a ‘Zézinha Nogueira Pinto’ e que a consideravam uma reserva do partido pronta a saltar da cartola a qualquer momento, antes pelo contrário (!). Não sei se por causa do congresso de Braga e da triste história do Rato Mickey, MJNP não merecia grande simpatia da minha parte e, ao vê-la candidata, imaginei um resultado bem pior do que aquele que se veio a concretizar.

Feito o devido enquadramento, tenho que confessar que MJNP foi, para mim, uma agradável surpresa nesta campanha. Das ocasiões em que estive com ela, em acções de campanha, apercebi-me que é uma mulher com ideias claras e convicções firmes, que sabe o que quer e por onde ir mas que também não tem medo de revelar algumas fraquezas. Uma mulher que não entra em jogos mediáticos mas faz o trabalho de casa e raramente fala sem saber do que fala. Talvez todas estas qualidades sejam pouco apreciadas numa política que é cada vez mais show mediático, que prefere os holofotes às ideias e os sound bytes a propostas exequíveis. Mas MJNP foi fiel a si própria e ao seu estilo, que impôs à campanha de Lisboa, e por isso mesmo já ganhou. Ganhou o respeito, a simpatia e a admiração daqueles que puderam ver o seu trabalho.

A campanha de MJNP não apresentou grandes projectos, grandes temas ou grandes ideias. Falou de coisas simples e deu importância ao essencial que, infelizmente, é tantas vezes invisível aos nossos olhos. A campanha não andou nos grandes palcos mediáticos preferindo as reuniões e as visitas institucionais que deram, sem dúvida, lastro à campanha e prepararam a candidata para ganhar os debates, como foi acontecendo, e a merecer o apoio unânime dos comentadores.

E se MJNP fez, e bem, este caminho, faltou-lhe o resto. A campanha que anda de porta em porta, de bairro em bairro, de feira em feira. A campanha que, tendo ideias, as sabe converter em sound bytes. A campanha que, tendo o lastro necessário também sabe descer à rua e chegar aos cidadãos.

Porém, pela minha parte, mesmo sendo capaz de identificar algumas coisas que poderiam ter sido feitas de outro modo, tenho que dizer que para mim MJNP ganhou. Ganhou o respeito dos lisboetas que viram nela a única candidata séria e que falava com propriedade sobre todos os assuntos. Ganhou a admiração de todos os que com ela fizeram esta campanha e fomos testemunhas da sua dedicação, trabalho e entrega. Ganhou uma vereação que fica, com certeza, em boas mãos e com isso vai ganhar 'lastro' para, daqui por quatro anos, ser, muito possivelmente, a melhor candidata do centro-direita à Câmara de Lisboa.

Por tudo isto, posso dizer que, efectivamente, com MJNP a Câmara de Lisboa ficaria em boas mãos. Mãos de uma mulher experiente, com provas dadas, com ideias e com capacidade de as concretizar. Foi pena o resultado, mas nem sempre os resultados são proporcionais ao mérito dos candidatos, porque se assim fosse MJNP seria hoje Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.