07 fevereiro 2006

Sensibilidade e bom senso.

Para que dúvidas não sobrem, esclareço, Margarida:
1 - Sou católico e os meus valores como homem, (que ultrapassam a minha confissão religiosa), fazem-me repugnar com as acções pró-aborto a que tenho assistido nos últimos anos.
2 - Tenho fobia a qualquer tipo de decisão política fundamentada em dogmas religiosos. Portugal não é o Irão, a Europa não é o Médio Oriente.
3 - Acredito que o aborto, como referiste, ainda que "resolva diversos problemas", é o maior "problema" deles todos.
4 - Creio ainda que jamais se poderá colocar a questão, tão proclamada pelas senhoras que fazem vigílias frente aos tribunais, que o ventre é delas, podendo elas fazer o que bem entenderem deles.
5 - Por último, acho que qualquer referendo, ou mesmo um simples debate aludindo à alteração da lei do aborto, será sempre prematuro nesta altura. Digo isto no sentido em que é muito insuficiente o trabalho feito até agora no campo da difusão de informação quanto à sexualidade, no campo da desburocratização da adopção, no campo da instrução pró-responsabilização familiar, em suma, em meios de tornar claro à população de que o aborto não é uma via possível e muito menos um método contraceptivo.
Espero que tenha esclarecido as tuas dúvidas quanto à minha índole, ainda que te possa confessar que já fui mais agressivo em relação a este tema, tal como saudavelmente demonstras ser agora. Apenas fui um pouco moldado pelo entendimento que naturalmente desenvolvi ao contactar com realidades que não eram a minha, com mundos que julgava não existir, com pessoas que não tiveram grande oportunidade de se debruçar sobre este tema com a nossa ligeireza.