16 junho 2005

Uma questão de estilo.

Na cena política Nacional e Europeia dos últimos tempos há várias coisas que me têm feito confusão, e que gostava de partilhar com os nossos leitores. Todos sabemos que a União Europeia não vive momentos nada fáceis. Momentos esses provocados pelos seus líderes, que têm ao longo do tempo insistido em avançar num sentido que não é partilhado pelas populações que representam. Pessoalmente estou convicto que se antes deste tratado constitucional se tivesse decidido referendar o tratado de Nice, ou qualquer outro instinto federativo as populações teriam dito não.
Nesse campo o CDS-PP tem desde há muito pedido um referendo sobre a Europa, parece que mais uma vez a história vem dar-nos razão, se se tivesse tido capacidade de entender que as populações não querem viver comandadas a partir de Bruxelas, talvez o caminho trilhado até agora tivesse sido outro, talvez se se tivesse entendido que a grande abstenção em todas as eleições europeias na generalidade dos países significa que as populações não querem minimamente saber da união política, e que as que votam é para julgar aquilo que os políticos estão a fazer a nível interno porque ninguém sabe que trabalho fazem os eurodeputados, talvez aí percebendo-se estes factos ninguém, por muito federalista que fosse, se ia lembrar de uma constituição.
E já agora se o Não à Europa tem crescido em Portugal, não me parece que seja pelo esclarecimento ter crescido muito, mas porque os defensores do sim têm repetido o erro que cometeram já vezes sem fim. Têm chantageado o povo, dizendo que se não votarem sim, lá se vão os fundos, e vem a crise. Ora ninguém gosta de sofrer ameaças e a mim parece-me que isso só tem dado força ao não.
Em todo o caso, não consigo entender que políticos, alguns deles muito bem pagos, se dêem ao luxo de dizer que é o sim ou a crise. Se eles são os causadores do problema que arranjem uma solução.
Este tipo de discurso vem na sequência de alguma vitimização da classe política que me começa a deixar um pouco aborrecido. Nos últimos tempos na tentativa de se mostrar que as pessoas não ganham nada em estar na política, tem-se caído no extremo oposto que é o de dizer que se perde muito em estar a exercer esse tipo de funções. Ora neste momento, talvez mais do que nunca, precisamos de políticos com vontade de fazer, que tragam inovação nas acções, com ideias novas, com ar fresco e que deixem de vez o politicamente correcto e passem para o politicamente eficiente. Quem não quer fazer política, não é obrigado a fazê-lo, que vão para casa! Se não têm querer nem vontade, que vão para as empresas, deixem o lugar para quem quer, para quem sente energia, e para quem gosta do seu país, da sua cidade, do sítio onde mora. Deve estar-se na política por amor e convicção, e isso nenhum salário paga. Já agora aos que dizem que perdem em estar na política e queixam-se constantemente disso, eu digo o que é que ganham e porque é que andam lá. Simplesmente porque ganham notoriedade e isso poderá valer-lhes muito mais dinheiro no futuro, deixem-se de mentiras.