01 maio 2004

Querida Beatriz,

Não se trata de baixar os braços, trata-se de realismo. Falas num mercado de 450 milhões de pessoas que deve ser aproveitado. Pois bem, e onde está o aproveitamento do mercado de uma Europa dos 12 ou dos 15??? Não o vi. O que te faz acreditar que agora é que vamos aproveitar? É bom que o façamos de facto, mais vale tarde do que nunca, mas será que vai acontecer...?

Quanto ao eixo Paris-Berlim, discordo radicalmente! Exactamente por sermos agora muitos mais é que vão alegar a ingovernabilidade da Europa, dada a dificuldade de se chegar a consensos, e vão querer caminhar a passos largos para o federalismo e para a fortificação desse mesmo eixo.

Não quero, contudo, que me interpretem mal. Não sou contra o alargamento da Europa em si, e acho que os países que agora entraram bem o merecem, como mercerá a Croácia daqui a poucos anos. Se calhar não terá a mesma sorte e fá-la-ão esperar uns quantos mais anos até, pelo menos, a Roménia poder também entrar.

Outra questão, eu não digo que devemos estar na Europa numa perspectiva de prazo. O que eu digo é que isto há-de acabar, pode levar 20 ou 30 anos ou mais, quem sabe, mas chegará a hora em que os países vão desentender-se à grande, as pessoas vão insurgir-se contra esta Europa artificial, que não é das nações, muito menos dos cidadãos, e isto acaba. Depois quem vai pagar a factura é que vai ser um sarilho...

Abreijos,
Francisco d'Aguiar