26 julho 2004

O país a arder outra vez

Como é natural pelo que se segue, hoje não estou zangado: estou FURIOSO!
Vem um fim de semana de calor e o país desata logo a arder como uma caixa de fósforos e, mais uma vez, a culpa morre solteira...
Tomemos o exemplo de Alcoutim onde passei o fim de semana.
Partir-se-ia do princípio que, depois dos incêncios do ano passado, se tivesse feito uma limpeza nas zonas ardidas e se tivesse feito uma reflorestação. Nem uma coisa nem outra.
Também se partiria do princípio que, a título preventivo, as zonas não ardidas tivessem sido limpas e se tivessem criado carreiros para os carros de bombeiro passarem em caso de necessidade. Mais uma vez, nem uma coisa nem outra.
Acaso alguém esperava que este Verão fosse chover imenso, ao contrário do que acontece sempre naquela serra pouco atingida pela chuva (especialmente no Verão) ou que não ia fazer vento nem calor? Não! As previsões apontavam precisamente para o sentido contrário...
Então porque é que em um ano não se fez nada? Porque a serra não está limpa e bem servida de carreiros para os camiões-cisternas? Porque é que os políticos da administração central e local responsáveis por não prepararem a serra para o Verão não estão já em tribunal a responder pela sua irresponsabilidade grosseira e pelo risco a que submetem os únicos bens de uma população envelhecida que subsiste apenas do pouco que a terra lhes dá?
Porque é que este fim de semana a serra de Alcoutim voltou a arder (tal como Mafra e a Arrábida que também tinham ardido no ano passado) e não temos já uns quantos políticos atrás das grades ou no Brasil?
Esta irresponsabilidade é um verdadeiro crime e quem não acredita que vá dar um passeio por aquele que é um dos mais bonitos lugares de Portugal, mas também o mais pobre concelho da Europa. Lá vivem centenas de pessoas de idade de tal maneira avançada que não vão conseguir fugir se o fogo lhes chega a casa, nem vão conseguir salvar os poucos bens que têm.
A Democracia Cristã tem, desde a sua génese, um pensamento ecologista e fortemente protectos dos mais desprotegidos, por isso aqui deixo um apelo ao recém empossado Ministro do Ambiente pelo partido que defende os valores da Democracia Cristã em Portugal: que o Verão que vem não encontre as nossas matas por todo o país como este encontra.
Nem que seja preciso enviar o nosso exército em força para o terreno limpar as matas e criar carreiras: vantagens da amizade entre os Ministros da Defesa, etc. e do Ambiente.