29 julho 2004

A política aos cães

Pois é André, isto está um bocado feiote!
Sem dúvidas que há bastantes coisas em que o país mudou para melhor desde há 30 anos atrás, mas a qualidade dos políticos não é uma delas.
Por exemplo, se formos ver o Decreto-Lei n.º 47.344 de 25 de Novembro de 1996, que aprova o novo Código Civil, e for ler quem à época fazia parte do governo, slatam aos olhos uma série de personalidades de enomre craveira intelectual, a maioria deles professores doutorados, todos com provas dadas antes de entrarem para o governo, nas mais variadas áreas.
São os exemplos do próprio Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, mas também de Mota Veiga, Antunes Varela, Franco Nogueira, Arantes e Oliveira, Silva Cunha, Galvão Telles e Correia de Oliveira, dos quais ainda hoje, passados quase 40 anos, ouvimos falar pelos méritos nas mais variadas áreas.
Como é óbvio, vivemos muito melhor em Democracia, na qual nos podemos exprimir livremente, temos vários partidos para escolher, podemos todos tomar parte mais activa no sistema político, etc. Mas interrogo-me porque é que hoje, que os políticos ganham incomparavelmente melhor do que ganhavam os políticos na altura, ninguém verdadeiramente bom se quer enfiar na política.
Porque é que a política está entregue aos cães?* (isto em todos os partidos, sem excepção)
E a explicação parece-me muito simples; este sistema tem favorecido aqueles que conseguem maior influência no sistema partidário e não quem conseguiria ter ideias melhores para o país; tem favorecido os que se apresentam bem sobre aqueles que trabalham bem...
Soluções? 
Em primeiro lugar, para começar por algum lugar, reservar a Chefia de Estado para alguém que não tivesse que ter andado na vida partidária para subir na política e por isso não estivesse comprometido com o jogo de influências, balanços e contra-balanços que nos arrastam para o fundo. Um Rei, claro está!
E em segundo lugar um sistema parlamentar mais dinâmico. Pegando,a título de exemplo, no sistema eleitoral da Irlanda, votar em listas para saber como se distribuem os assentos parlamentares pelos diversos partidos, e votar também nas pessoas, para se saber quem vai ocupar essas vagas.
É complexo e exigiria uma maior envolvência entre eleitores e eleitos, mas não é precisamente isso que nós queremos?
 
*Sem, com isto, querer ofender os maiores amigos do Homem.